quinta-feira, 23 de julho de 2009

SÃO PAULO ENGORDA

Cheguei a conclusão acima ontem à noite e pude comprová-la hoje, no final do almoço. Nesta semana, em especial, estou almoçando e jantando muito fora. E isso – em São Paulo – é um verdadeiro perigo. Segunda-feira, fui almoçar no Chácara Santa Cecília, aqui perto da Abril. O restaurante fica num lugar lindo , numa antiga Chácara que preserva boa parte de verde. A Abril em peso adora almoçar lá porque é perto, é bonito e é, digamos, gostosinho. Durante o dia funciona como restaurante mesmo, com Buffet de saladas, pratos quentes e sobremesa a um preço fixo. À noite, vira balada (e lotada). Terça-feira foi dia de almoçar no Ráscal com duas amigas. Como já escrito pela Dani Krause, lá (embora meu marido adora dizer que não vale o custo x benefício) é uma perdição para quem quer se manter na linha. Você se acaba de comer no Buffet e depois, na onda do “já que estou aqui”, não tem como escapar de pegar uma massinha. Ontem à noite, combinei um jantar com Gláucia, uma amiga de mais de 15 anos. Ela escolheu um restaurante ao lado de sua casa – na Cônego Eugenio Leite, em Pinheiros, o Vinheria Percussi. Resumo da noite: conversa agradável, lugar lindo e prato delicioso. Comi um risoto de bacalhau, com azeitonas verdes, tomates frescos e pinoli. Sensacional! Tirando o couvert, é claro. Pagar 6 reais para comer pão frio com manteiga não dá. Nesse ponto, fico no custo x benefício e da próxima vez vou pular essa parte. Para terminar, acabo de voltar de mais um almoço fora, com uma fonte bem bacana. Fui no Pobre Juan, na Vila Olímpia. Argentino em tudo: nas carnes maravilhosas, no tango eletrônico ambiente, no crepe de doce de leite da sobremesa (esse eu só espiei). O local é muito agradável, a música é ótima e a comida, saborosa. Pedimos empanadas de entrada e optamos pelo menu completo: escolha de uma carne,que já vem com um acompanhamento a escolher, batatas (daquelas que parecem ter vento dentro e crocantes por fora) e ainda uma tigela de salada básica e gostosa. Sem dúvida, esse é um lugar que recomendo muito e devo voltar em breve. Espero ir numa sexta-feira já que disseram que rola um tango por lá às noites. Perfeito. Enfim, hoje é quinta-feira e se eu seguir nesse ritmo até o final de semana preciso fugir de qualquer balança que aparecer na minha frente! (Dani Diniz)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

PARA COMER A QUALQUER HORA

Conheci o Joakin’s no começo do namoro com meu marido (lá pelo final da década de 90). Gostei de cara. Localizado na Joaquim Floriano, miolinho do Itaim, o vulgo JOKA é um clássico da noite paulistana. Funciona desde 1965 e mantém muitos dos seus garçons desde o início. Não só os garçons, mas os clientes também. É possível ver gente de todas as idades com a senha nas mãos, esperando uma mesa para se deliciar com um cheese salada e um milk shake. Há famílias em busca de mesões, casais de namorados ou bando de amigos que saem das baladas e vão reabastecer a energia por lá. Afinal, as portas da casa estão abertas até às 5 da manhã (de segunda à quinta) e até às 6h (de sexta e sábado). Os sanduíches são ótimos (tanto os prontos, quanto os que podemos montar), os beirutes são fartos e o milk shake, na minha opinião, é o melhor de São Paulo. E, para quem preferir uma coisa natureba, também tem pratos, omeletes e sucos naturais. Pra ser bem sincera, porém, ir para lá e não provar o milk shake é um pecado. Não sou de tomar muito milk shake (afinal, calorias aleatórias não combinam para quem passou dos 30) mas quarta-feira, dia 08 de julho, véspera de feriado paulista, não tive dúvida e fui para o Joca. Esperei uns dez minutos com a senha nas mãos e, com água na boca, fiz meu pedido. Um cheese calabresa e, claro, um milk shake de coco. O serviço foi ótimo, foi rápido (como costuma ser). Valeu a pena ter enfiado o pé na jaca. Se você não conhece ainda o Joakin’s perdeu um pedaço delicioso de São Paulo. (Dani Diniz)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

VIAGEM AO CENTRO DA (MINHA) TERRA

Sempre que viajamos para grandes cidades em outros países, saímos cedo, andamos muito (inclusive de metrô), tiramos muitas fotos, nos impressionamos com a arquitetura, com a história do lugar, achamos tudo lindo (até o que não é muito lindo) e voltamos à noite, exaustos e felizes. E foi exatamente isso o que fizemos ontem, só que por São Paulo mesmo. Aproveitamos o feriado para colocar um jeans, um tênis velho e sair por aí para bater perna e aproveitar o dia de sol que fez por aqui. Espírito de turista. A ideia inicial era só matar uma vontade louca de comer o delicioso pastel de bacalhau do Hocca Bar no Mercado Municipal, mas fizemos mais. Muito mais. Eu e o marido marcamos com o papai (o melhor e mais empolgado guia do Centro de São Paulo que eu conheço) para começarmos o dia tomando um café da manhã delicioso no Café Girondino, bem em frente à Igreja e ao Mosteiro de São Bento. Não me canso de ficar encantada sobre como o Girondino é charmoso e de como, abstraindo um pouco sobre os arredores, me faz sentir numa cidade européia, tomando aquele café gostoso e olhando a Igreja pela janela. Andando, seguimos pela Rua Boa Vista e encontramos edifícios maravilhosos de inspiração art nouveau, com vitrais encantadores, que deviam ficar escondidos atrás dos outdoors imensos que dominavam a cidade antes da bem-vinda Lei Cidade Limpa. Chegamos até a Rua XV de Novembro, vimos o prédio da Bovespa e do Banco do Brasil e chegamos até a Praça Antonio Prado, onde é possível encontrar uns quiosques de madeira com engraxataria, telefone público (escrito com ph) e até um coreto! Seguindo reto chegamos em frente ao primeiro arranha-céu da América Latina (30 andares), o Edifício Martinelli, que, apesar de deteriorado e tristemente pichado, ainda guarda o ar de glamour da década de 30, uma beleza arquitetônica indiscutível e com tanto para contar... como a existência de uma construção especial no 26º andar inspirada numa vila italiana, chamada Casa do Comendador, que funcionava como residência da família Martinelli, somente para provar ao povo, na época, de que o prédio era seguro. Ficamos imaginando que aquela construção combinaria perfeitamente em Nova York, onde, certamente, estaria mais conservada e custaria uma fortuna para manter um escritório. Deu até uma tristeza de pensar em como e quanto nosso povo não se preocupa com a preservação de sua história. Descendo um pouco mais, quase chegando na Líbero Badaró, avistamos a antiga sede dos Correios. Um belíssimo prédio. Voltamos até chegarmos à Praça do Patriarca. Uma equipe de filmagens fazia quase magia para que chovesse no meio da praça, mesmo sem uma única nuvem no céu. Reparamos nos detalhes do antigo Hotel Othon, no polêmico arco moderno que colocaram sobre a saída da primeira escada rolante do Brasil, a Residência Artística (onde a FAAP agora – ainda bem – mantém e preserva a história de pintores importantes do século XX que mantinham seus ateliês no local), o prédio da Prefeitura e seu jardim suspenso e, claro, o Viaduto do Chá. Não fomos até o outro lado do viaduto ver o Teatro Municipal e o Shopping Light porque queríamos tomar um café lá no Pátio do Colégio. Pegamos a Rua Direita e fomos até a Praça da Sé. Lá no meio, a imagem do Padre José de Anchieta abençoava a todos e parecia se lastimar pela situação das pessoas que perambulam por ali. Seguimos até o marco zero e o marido logo quis saber para que lado ficava seu amado Rio Grande Sul. Ah, a Catedral da Sé. Linda, grandiosa, robusta, receptiva e sem ser suntuosa demais, o que, a meu ver, combina muito mais com o que pelo menos eu acredito que sejam os princípios divinos. Além dos vitrais, adorei mesmo foi um anjo simples, esculpido na pedra que fica quase escondido numa capelinha lateral. Seguimos até o Pátio do Colégio e, ali, nunca canso de me impressionar com a arquitetura do antigo Tribunal de Alçada (e olha que eu já passei por lá nessa vida, hein!). O antigo escritório de arquitetura de Ramos de Azevedo trabalhou muito na cidade no século passado e deixou sua marca de verdade. Dá pra identificar claramente no que eles colocaram as mãos. Do outro lado, no Museu Anchieta, fizemos uma descoberta maravilhosa. O Café do Páteo é um lugar agradabilíssimo dentro do que seria a réplica da antiga construção do Colégio dos Jesuítas (onde a cidade foi fundada em 1554) e depois tornou-se a sede da Presidência da Província de São Paulo, nos idos da colonização do Brasil. Que delícia aquele lugar arborizado, com mesinhas simpáticas, que serve de ótimo ponto de parada de turistas e passeadores locais (como nós!). Como não tinha entrado ali nunca (porque só passo correndo e morrendo de pressa), nos surpreendemos com o espaço. Pra melhorar, ainda é possível encontrar uma parede de taipas da época da colonização totalmente preservada dentro de um vidro e visitar o Museu Anchieta. Não é nada demais, mas tanta coisa vem à mente olhando aquilo. Como a vida devia ser difícil para o povo que veio habitar uma região até então inóspita e a situação dos índios locais invadidos e catequizados por uma cultura estranha. Quantos conflitos, abusos, boa e má fé fizeram parte da criação do nosso país... Descemos até a Rua 25 de Março que, mesmo sendo feriado e com 80% das lojas fechadas, estava bem cheia (qualquer dia falo mais da 25). Fomos até a Rua da Cantareira almoçar no Mercado Municipal. Esse sim estava lotado. Eu a-do-ro esse lugar. Os cheiros e as cores das frutas, os queijos maravilhosos que eu amo (só lá eu encontro o Rembrandt capa preta holandês!), os temperos perfumados (onde mais se acha marsala por aqui?) e, claro, o fantástico, estupendo e incomparável pastel de bacalhau do Hocca Bar. Nos acotovelamos um pouco, enfrentamos o mau humor alheio na busca de mesas, pegamos uma fila, mas nada nessa vida ia me impedir de saborear aquele pastel ontem. No final deu tudo certo, matei a vontade que estava me matando e almoçamos muito bem. Depois, puxando uma carga extra de energia das pernas do papai, subimos a Senador Queiróz e fomos lá em cimão no cruzamento mais famoso da cidade: Av. Ipiranga x Av. São João. Vimos como o Cine Marabá ficou lindo depois da reforma e ficamos felizes em ver como iniciativas de recuperação do centro da cidade podem dar muito certo, porque estava lotado! Acho que as pessoas estão cansadas de ficarem trancadas sob a falsa sensação de proteção dos shoppings centers. O povo quer mais é ir pra rua de novo! Viva! Terminamos o dia (que rendeu muito) tomando um cremoso chopp Black no Bar Brahma (até eu tomei!) e voltamos para o metrô Santa Cecília pelo Largo do Arouche (que, segundo o papai, já foi chiquérrimo). Ai, como eu adoro aquela escultura do Brecheret ao lado da linda banca de flores em frente ao restaurante Le Casserole. Fico imaginando uma cena romântica do homem saindo do restaurante e voltando com flores para sua amada numa noite especial. É claro que, como em todas as grandes cidades do mundo, em maior ou menor grau, existe poluição, medo, violência, aglomeração, sujeira, pobreza, falta de higiene, bêbados, pedintes, miseráveis, trombadinhas, trombadões e tantas outras coisas tristes. Mas ontem, só por ontem, resolvemos ver São Paulo de um outro jeito: exercitando as pernas e o olhar que só vê a beleza! Foi fantástico. Tente um dia desses. (Dani Krause)