sábado, 4 de setembro de 2010

VENDINHA DA CIDADE GRANDE

O livro de culinária mais bacana que eu vi ultimamente foi escrito pela Heloísa Bacellar, “Cozinhando para Amigos”, e há tempos estava ensaiando para conhecer o restaurante dela, o Lá da Venda. Estava ali pela Vila Madalena procurando roupas para gestante e coisinhas para bebês e, finalmente, topei com o lugar bem na hora do almoço. Na verdade nem sei se eu posso chamar de restaurante propriamente, porque, na entrada, o que primeiro se encontra é uma vendinha de tudo um pouco, naquele estilo antigo que hoje só se encontra em cidades bem pequenas. Depois, ao fundo, é que se chega ao ambiente da gastronomia. Achei interessante essa mistura do restaurante ao fundo da lojinha que vende desde panelas, bordados prontos, lã e linhas, brinquedos retrô, artesanato, ecobags a lindas toalhas de mesa. Cheguei sozinha e logo me sentei numa das mesinhas de ferro ao ar livre (o teto é retrátil) para provar a boa e despretensiosa comida da Heloísa. O atendimento me agradou de cara e já fui recebendo uma entradinha cortesia deliciosa: bolinho de carne com massinha de milho. Depois, ao som de uma excelente seleção musical que foi de Maria Bethania, a Caetano e chorinho, provei entre os pratos do menu, que mudam todos os dias, a torta cremosa de frango com uma reconfortante saladinha ao molho de mostarda ancienne (que eu adoro), acompanhada de suco de amora orgânico e seguida de um sorvete de chocolate branco com framboesa. A torta acompanhada da salada estava muito saborosa, com aquele gostinho de feita em casa, mas o sorvete, apesar de gostoso, não era dos mais cremosos que já provei. Mesmo depois de ter provado tudo isso ainda fiquei morrendo de vontade de experimentar um dos doces que ficam expostos numa vitrine que forma um café dentro da vendinha. O pudim de tapioca ficou me chamando, me chamando, mas eu resisti bravamente. Toda vez que saio de um lugar passando vontade de alguma coisa, sempre uso a minha tradicional técnica de pensar que uma vontade súbita de comer aquilo será um ótimo motivo para voltar em outra ocasião e me acalmo. Não que precise de melhor justificativa para voltar ao Lá da Venda do que tudo ali ser mesmo uma delícia! (Dani Krause)


www.ladavenda.com.br
Rua Harmonia, 161 - Vila Madalena
Tel.: (11) 3037-7702

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

ARMÁRIO DE GRÁVIDA

"Só" porque você está grávida é preciso mesmo se vestir com roupas desengonçadas, herdadas da mãe e da sogra com estampas da década de 70? Ou, pior, as roupas do marido que te deixam um balão ou com a popa da barriga aparecendo? Não, não é preciso. Pesquisando aqui em São Paulo, por necessidade própria, descobri algumas lojas com roupas muito bem cortadas, com cores e estampas que favorecem o período de excesso de peso temporário e o formato alterado dos corpos das gestantes. Claro que, comparativamente ao que existe, por exemplo, nos Estados Unidos, ainda temos poucas opções e as boas são relativamente caras. Mas é um período curto e, racionando bem na quantidade e escolhendo peças coringas, acaba valendo o investimento para as futuras mamães não ficarem parecendo um botijão de gás com roupinha de juta e crochê. Agora que estou quase a caminho da maternidade, achei interessante dar umas dicas para as gravidinhas paulistanas (ou não) e espero que ajude bastante:
A Espaço Gestar é um loja ampla e tem muita opção de calças jeans com elástico confortável e outras roupas casuais e para o trabalho. Vai ser difícil encontrar roupas de festa lá, mas para o dia-a-dia não penso em loja mais adequada e com preços mais justos. Lá, também, você encontra toda a parte de lingerie (incluindo a marca MyLady, que sai um pouco daquela cor da pele básica para grávidas e tem opções bonitas para gestantes e para a fase de amamentação), cintas, pijamas e camisolas. Tudo num lugar só. Vale a visita.
Na Maria Barriga você encontra roupas com um corte um pouco mais sofisticado, ideais para quem trabalha em ambientes mais formais ou precisa de uma roupa mais bacana para um evento social. São peças clássicas, mas com cores super modernas e pensadas para favorecerem o corpo da grávida. Você encontra calças retas, camisas e blusas lindas e vestidos para comemorações e festas em geral. Aproveitei a liquidação dos últimos dias e comprei um vestido de malha muito prático e uma linda camisa verde-escuro que eu estou usando agora na gravidez e, como ela tem botões em cima, ainda vou poder usar na fase de amamentação. Isso é que eu falo de pensar bem sobre essas roupas de gravidez. Precisam ser poucas, bonitas e úteis para você depois não ficar com um armário lotado de coisas que sabe Deus quando vai usar de novo.
A Mammy Gestante, que tem lojas no Shopping Iguatemi e na Vila Nova Conceição, faz a linha das mais sofisticadas e tem roupas lindas. Acabei não comprando nada na loja por não ter necessidade, mas compraria fácil várias coisas.
Na semana passada precisei de um vestido longo para um casamento muito chique e que encaixasse a minha barriga de mais de 8 meses com perfeição. Nem pensei duas vezes e resolvi passar na famosa Zazou. As roupas são bacanérrimas, mas, fora os imperdíveis períodos de bazar (valem ser acompanhados), os preços não são tão encantadores assim. Só que, como eu já disse, pensando bem nas opções e comprando poucas e boas coisas, vale muito.
Entre as lojas de departamento, a Renner também tem uma linha de maternidade. Mas, nas três lojas em que eu estive (posso só ter dado azar) vi poucas peças, com numeração faltando e cores meio berrantes. Que mania de achar que uma mulher com uma barriga gigante fica bem em macacões inteiriços rosa choque... Não fica! Nessa linha maternidade da Renner acho que valem ser compradas as calças jeans e as camisas clássicas brancas e pretas que são opções mais baratas para o dia-a-dia e montam um visual básico irrepreensível.
Uma outra dica legal que eu recebi foi da loja Bebê a Bordo Moda Gestante. Não conheço a loja pessoalmente, mas uma amiga disse que encontrou peças simples e bonitas por preços ótimos, o que, claro, vale enfrentar uma certa aglomeração na Rua José Paulino no tradicional Bom Retiro. No site vi uma ou outra peça interessante sim, mas não acho legal essa coisa de comprar roupas (de gestante ou não) pela internet porque na hora de experimentar é que se pode ver se cai bem ou não em você. (Dani Krause)

www.espacogestar.com.br
www.mylady.com.br
www.mariabarriga.com.br
www.zazou.com.br
www.lojasrenner.com.br
www.bebeabordomodagestante.com.br

terça-feira, 10 de agosto de 2010

NASCIMENTO!

Queridos seguidores,
Como contei há alguns dias, nós duas Danis ficamos grávidas quase ao mesmo tempo. Eu um pouquinho antes e o meu Bernardo está previsto para meados de setembro. Só que o Leonardo, filhinho da Dani Diniz, resolveu ser um pouco apressado e nasceu ontem, às 22h05. Ele é prematuro e nasceu com 1,5Kg, mas passa bem e vai ficar bem fortinho nos próximos dias na maternidade. A Dani Diniz também está bem e se recuperando. Assim, ela vai ficar fora do nosso blog por um tempinho, mas terá um motivo lindo e fofo para isso.
Parabéns!!!
Beijos,
Dani Krause

terça-feira, 27 de julho de 2010

PEDAÇO DA ARMÊNIA NA ZONA NORTE

Confesso que no começo eu não botei muita fé. Quando a minha mãe me guiou até aquela ladeira cheia de casinhas típicas da Zona Norte de São Paulo, bem no miolo de Santana, dizendo que ali comeríamos numa casa armênia bem tradicional, jurava que ela estava enganada. Não vi nenhuma placa indicativa no local e foi o simpático japonês do estacionamento lá embaixo da rua quem nos disse onde ficava a famosa Casa Garabed. Eu, com esse barrigão de grávida, subi a ladeira no melhor estilo pata desengonçada e ainda desconfiada. O lugar é bem simples e duvido muito que a família tenha feito muitas reformas desde a inauguração pelo fundador Garabed Deyrmendjian em 1951 – o que garante charme extra ao local. As poucas mesas de madeira estavam lotadas na hora do almoço, mas grávida tem suas vantagens e logo conseguiram uma mesa para nós. O serviço não é dos melhores, mas está longe de ser rude. No final sempre fico pensando que isso acaba integrando o clima desses restaurantes de comida de origem árabe. As opções do cardápio eram muitas, desde os tradicionais quibes e esfihas de queijo e carne, passando por esfihas especiais, até pratos que pareciam bem apetitosos, como o Madzunov Kiofté (quibes recheados com carne e snobar, assados no forno à lenha e cozidos na coalhada). Resolvemos começar pelo básico e medir o tamanho da fome depois, já que os pratos especiais têm preços bem salgados. A coalhada seca veio temperada com cebola e salsinha acompanhando um pão mais fofinho que o sírio e com gergelim em cima. O soirlmé (pasta de berinjela) estava no ponto e delicado. Excelente começo. O kibe frito demorou e deixou completamente a desejar, mas as esfihas foram uma descoberta a parte. Todas feitas num tradicional forno à lenha, elas chegam perfumando tudo até a mesa. A de pernil de cordeiro me conquistou. Eu adoro carne de cordeiro, mas o tempero deu um sabor todo especial, assim como os salpiques de snobar (pinholes) que deixaram as esfihas sensacionais. Ok, não são baratinhas (quase R$9,00 cada), mas valem completamente o quanto custam. Aliás, elas valeram até atravessar a cidade no meio de um trânsito infernal. Provei as esfihas de zahtar (ervas aromáticas) e de queijo com bastrmá (um tipo de carne seca armênia), mas achei ambas um pouco fortes para o meu paladar, que, convenhamos, está ligeiramente alterado pela gravidez. Logo, pode ter quem adore. Depois de tantas provas estávamos completamente satisfeitas e os outros pratos do cardápio foram abandonados, sem fazer falta nenhuma. Eles ainda fazem assados como pernil, lombo e peru por encomenda e um deles estava saindo do forno enquanto eu tentava muito me concentrar para pagar a conta. Depois me arrependi de não comer uma sobremesa chamada Creme do Céu, que leva creme de leite, leite condensado e geléia de damasco, mas não conseguia mais. Ah, mas este é só mais um excelente motivo para voltar a Casa Garabed e levar pessoas bem especiais para conhecerem o lugar. (Dani Krause)

www.casagarabed.com.br
Rua José Margarido, 216 – Santana – 2976-2750
Travessa da Rua Alfredo Pujol
Como o espaço é pequeno, eles não fazem reserva.
Segundo a minha mãe, aos sábados o lugar fica completamente lotado, então, é melhor organizar a saída com antecedência.

BABY BOOM

Como vocês podem ver na nossa nova foto de perfil, algo sensacional aconteceu nos últimos meses para nós Danis! A nossa mais nova descoberta é estarmos grávidas juntas. Eu só estou de umas semaninhas a mais do que a Dani Diniz, mas contamos uma para a outra no mesmo dia, as barrigas estão iguais e são dois meninões: o meu Bernardo e o Leonardo dela. Coincidências demais, não é mesmo? Pois é. Por essas duas pequenas e maravilhosas razões demos uma sumidinha do circuito. É que grávida não pode comer qualquer coisa, nem sacolejar demais por aí, tem quarto para arrumar, casa para reformar, muita atividade diferente. Mas vamos aos poucos contando as novidades até os bebês nascerem. E contamos também quando isso acontecer, afinal já somos duas mães bem babonas. (Dani Krause)

sábado, 20 de março de 2010

PORTUGUÊS, ORA POIS

Meu sobrenome não nega. Apesar de o parentesco português ser bem distante (algo além do bisavô paterno), carrego na vida não só o nome da terrinha mas também uma ligação especial com Portugal. Adoro andar por aquelas bandas. Adoro a literatura portuguesa, a história portuguesa, a cultura daquela país e, especialmente, sua culinária. Das postas de bacalhau regadas no azeite à sardinha na brasa; do caldo verde ao sensacional pastel (quente) de Belém. Pois bem, hoje pude desfrutar um pouco dessa alma portuguesa. Conheci um lugar novo na Rua Amauri – como já escrevi em posts anteriores, uma das ruas preferidas para se marcar almoço de negócios. O restaurante é o Trindade, de tamanho modesto, mesas bem arrumadas e decoração entre o branco e o roxo (sim, nada de verde e vermelho). O que te fará sentir em Portugal são alguns quadros de azulejos e uma parede com uma espécie de textura, que traduz um desenho típico das casinhas e varais do Porto. Linda. O couvert traz pãezinhos quentes, bolinho de bacalhau, manteiga e dois patês fantásticos de peixe. O cardápio é vasto, mas optamos pelo menu executivo, uma ótima opção para almoço. Por 51 reais, você degusta uma entrada, prato principal e sobremesa. No menu de hoje tinha salada verde e gaspacho da Andaluzia; risoto de bacalhau e truta; frutas e mousse de goiaba de sobremesa (ok, aqui falhou não ter quindim ou algo mais típico). Fui de gaspacho (excelente!) e risoto de bacalhau (muito bom!). Acabei optando pela mousse para provar mas não era lá essas coisas. Vi ao lado, porém, uma bandeja com vários doces portugueses, todos bem amarelinhos. Devia ter coisa boa ali. Mesmo assim, não daria. A porção foi farta e eu estava bem satisfeita. Valeu a indicação da assessora de imprensa que, gentilmente, marcou o almoço no Trindade por conhecer um pouco desse meu pedaço português. (Dani Diniz)

www.restaurantetrindade.com
Rua Amauri, 328 - Tel.: 3079-4819

sexta-feira, 12 de março de 2010

O MARROCOS É LOGO ALI

Caramba, tanto tempo indo sempre aos mesmos bons e velhos lugares que fiquei sem novidades para contar. Ainda bem que nos últimos dias resolvi dar o ar da graça por outras bandas. Uma dica ótima para quem curte a Vila Madalena (como eu), mas fica meio estressado com aquele burburinho todo dos botecos e agitos irritantes dos estacionamentos locais (como eu) é o TANGER. Não é propriamente uma novidade na cidade, já que este restaurante de comida marroquina está aberto há quase 10 anos (!), mas foi novidade pra mim. O lugar, como é de se esperar de um restaurante marroquino, tem uma decoração toda temática, com muitas velas, lamparinas, panos de cores fortes pendurados pelo teto e, claro, uns sofás aconchegantes que dão um ar especial ao lugar. É um ambiente escurinho, bem intimista, ideal pra quem gosta de um certo romantismo oriental e de privacidade. Tanto é verdade que no nosso primeiro jantar por lá encontramos alguns famosos globais confraternizando sem serem incomodados. O ambiente é diferenciado, mas, em se tratando de um restaurante, importa mesmo é saber da comida. Eu confesso que sou um pouco cautelosa com comidas de origem oriental, nunca sei bem quão temperada ou apimentada é, mas estou sempre disposta a conhecer coisas novas. De entrada provamos o Mezze, um conjunto de pastinha de berinjela grelhada com saladinhas de legumes diversos acompanhadas de pães muito bem feitos. Além dessa entrada há uma série de outras opções que pareceram bem boas e que seriam ótimas para uma noite de muito papo entre amigos. De principal, resolvemos pedir o prato mais tradicional da casa: o Couscous Royal. O Couscous Royal é um prato delicioso, com excelente carne de cordeiro cozida e temperada com especiarias na medida, acompanhada de um couscous marroquino com uma profusão de aromas, texturas e sabores que envolviam legumes cozidos, amêndoas torradas e frutas secas. Ai, que cheiro e que gosto fantásticos. Só provando mesmo pra saber. Para acompanhar, tomei um suco de amora que valeu ter sido provado. Não tinha mais um mínimo espaço para sobremesas, mas fiquei morrendo de vontade de provar aqueles doces de massa de semolina muito pistache, amêndoas, tâmaras e mel. Diz a lenda que há apresentações de dança do ventre no restaurante aos sábados à noite, mas nós não presenciamos isso por lá no dia. O que, no final, eu acho até bom pra não ficar uma coisa meio caricata, não sei. O atendimento no Tanger é muito bom, recebi todas as explicações sobre o cardápio variadíssimo com muita atenção e cordialidade e entendi que toda refeição ao estilo marroquino tem que ser quase um ritual, uma celebração. Então, vá ao Tanger sem pressa e aprecie uma refeição deliciosa em um ambiente muito aconchegante. (Dani Krause)
Rua Fradique Coutinho, 1664
Tel.: 3037-7223 ou 3031-8466
Segunda à sexta: almoço executivo à partir das 12h
Sábados e domingos: almoço à partir das 13h
Segunda a sábado: jantar à partir das 19h

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

INTERATIVIDADE NO CONSUMO

A onda da badalação da Rua Augusta é daquelas coisas que quando você acha que foi já está voltando. Exatamente nesse ritmo é que, depois de anos no underground da cidade, a Rua Augusta vem retomando seu bom e velho lugar de ferveção. Um monte de novas baladas, restaurantes e bares estão pipocando por ali, como o Tubaína, que eu estou doida pra conhecer e contar pra vocês. Isso é a prova que ok os moderninhos descolados da cidade sabem circular e se adaptar ao mais variado tipo de público e local. Mas não são só baladas, bares e restaurantes não, novas lojas estão aparecendo. Uma delas tem um conceito que eu achei genial: a Endossa - Loja Colaborativa. O princípio é o seguinte: você tem um produto a ser vendido e a loja tem o espaço. O artesão, revendedor, importador ou seja lá o que for aluga um tipo de escaninho, uma prateleira de um tamanho x (conforme sua necessidade e capacidade financeira inicial) e divulga seu produto num local que seria praticamente impossível de fazer seu comércio. Só que não é só pagar pra ter um espaço bom na loja. Quando algum produto agrada a freguesia, vende mais, ganha mais espaço na loja. Quando algum produto mica, não vende nada ou muito pouco, perde o espaço. O locatário precisa vender, no mínimo, o valor do aluguel do espaço encaixotado. Assim, é o consumidor quem decide o que deve ou não ser exposto ali. A loja dá uma força pro micro-empreendedor, que tem mais exposição dos seus produtos, mas está sempre se moldando ao gosto do freguês. Só vai pra frente o que recebe o endosso do cliente. É mesmo como eles dizem: "uma ferramenta de curadoria das marcas". Não dá pra pensar num exemplo mais bacana de coletividade e interavidade no comércio. Na loja você consegue achar um monte de coisas: canecas estilizadas, camisetas com estampas maluconas, roupas moderninhas, bolsas e acessórios bem legais, bijoux dos mais variados tipos, faixas pra cabelo, ecobags, chaveiros e móbiles de feltro, toy art, adesivos de parede, um monte de badulaques para dar de presente (mesmo que seja pra você). Na verdade é quase um bazar, uma feira organizada, onde você encontra um arsenal dos produtos mais não-correlatos, coloridos e alternativos que puder imaginar. Não, dizer que os produtos são "alternativos" seria um rótulo injusto, porque tem rigorosamente quase de tudo para todos os gostos e estilos, mas tudo diferente. A cara da Rua Augusta. Mesmo se você não comprar nada, vale o passeio, ver o grafite da entrada e descobrir o que anda passando pela cabeça do pessoal mais criativo da cidade. (Dani Krause)
Rua Augusta, 1360

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

NOVAS ANTIGAS TRADIÇÕES NATALINAS

Ainda não falei aqui como eu amo Natal. É, eu amo. Fase agitada: temos que nos dividir em vários, atender a todos os convites, festas de final de ano, comemorações, amigos secretos micados, muito trânsito, correria, cumprir últimos prazos no trabalho, compras, ajudar aos necessitados, crianças, controlar minha ridícula vontade de tirar uma foto com o Papai Noel do shopping... ah, mas eu adoro! Curto esse clima que fica no ar. Sou uma pessoa melhor no Natal. Mas melhor mesmo é ouvir uma palavra positiva sobre bondade e Deus (ou sobre o que quer que se acredite), encontrar a família toda, ouvir músicas natalinas, comer peru com fios de ovos e cereja em calda, a rabanada da Tia Lídia, nozes e panetone. As comidas dessa época são únicas, são memória emotiva mesmo. E, nos últimos anos, outras tradições vêm sendo incorporadas aos meus costumes natalinos paulistanos, as gaúchas-alemãs, agregadas pela família do marido. Coisa fofa que eu acho que eles fazem são os Platzen, umas bolachinhas decoradas feitas em formatos de estrela, sinos, bota de Papai Noel etc.... Tudo feito em casa, embrulhado e dado de presente. As crianças participam usando os cortadores em formatos diferentes e tudo vira uma diversão bem melequenta e engraçada na hora de decorar as bolachas. Mas (e isso eu tenho certeza que já falei aqui) eu sou uma cozinheira medíocre e é bem capaz que eu estrague a massa ou queime tudo no forno. Então, acabo sempre não seguindo tanto a magia e compro tudo pronto mesmo. Se você é como eu ou só não tem tempo, a bolachinha que eu adoro chama Spekulatius. Parece mais nome de mágica do filme do Harry Potter, mas, na verdade, é uma bolachinha austríaca (ai, ficou meio confuso agora, mas essa coisa de culinária alemã e austríaca se misturam mais do que se possa imaginar) e leva amêndoas, canela e outras especiarias. O negócio é tão bom que até o Luiz, marido da outra Dani e a pessoa mais encrencada para comer do mundo, adorou. Ficam uma graça para dar de lembrança e podem ser encomendadas aqui em São Paulo com o pessoal do Sabor da Áustria, com quem outras delícias para a mesa da noite de Natal também podem ser compradas. Eu sugiro algumas: a Torta de Nozes, o Apfelstrudel (enrolado de massa folhada com recheio de maçã) e a Schokoladetorte (até quem não entende entendeu, né? Mas é uma torta de chocolate boa demais). Lá tem outras várias opções de comidas terminadas em "aumen", "irsch", "kuchen", "plaumen", "oulash" e, apesar dos nomes intimidadores, tudo é delicioso. Aproveite, porque arrumar a festa é uma parte gostosa. Feliz preparação para o Natal!!!! (Dani Krause)

(11) 5541-8004

PRATICIDADE SABOROSA

Eu ainda não tenho filhos, mas tenho quatro sobrinhos maravilhosos com quem ando treinando bastante nos últimos anos. Aprender, com as experiências dos outros, sobre o que é bom e o que não dá tão certo assim é um ótimo treino para quem está em fase de preparação para a chegada do seu próprio pimpolho. Aprendi, por exemplo, que as fáceis e famosas papinhas industrializadas adoradas por mães do mundo todo, ainda mais as paulistanas workaholics, não são tão adoradas assim pelas crianças. O que é absolutamente compreensível já que quem se dignou a provar aquilo percebe facilmente o gosto de meleca de nada que tem. Nas primeiras vezes, é colocar na boca da criança pra ela “blurgh” pra fora. Depois, a criança até se acostuma e, com a fome, manda ver, mas é completamente diferente do prazer que ela demonstra sentir quando come uma comida feita em casa, com um pouco de tempero e sal. Pensando nisso, uma mamãe de visão abriu em Moema o Empório da Papinha. É uma loja de comidinhas prontas para crianças entre 4 meses e 3 anos feitas só com alimentos orgânicos e em combinações saborosas e temperadas na medida. Vai de papinhas a sopas e risotos. E eles fazem entregas das encomendas numa bolsa términa muito útil. Claro que toda essa qualidade e praticidade têm seu preço (acréscimo de uns 20% no preço das papinhas industrializadas normais), mas acho que vale a pena pagar um pouco mais e ter a certeza de que a hora da alimentação seja um momento prático para a mãe e muito prazeroso para os pequenos. Afinal, criança não é boba e sabe desde cedo o que é bom! (Dani Krause)


Av. Açocê, 648 - Moema - 5051-4343

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SEXTA À NOITE NA CIDADE

Sexta-feira passada tive uma noite bem paulistana. Saí da Ed. Abril quase 21h, peguei um táxi que me deixou no metrô Vila Madalena e, de lá, segui até a estação Consolação. O burburinho já era grande na Av. Paulista entre casais hetero e muitos homossexuais, malabaristas, tocadores de violino e, claro, meninos vendendo doces. Fui até o Center 3 onde me encontrei com meu marido. Queríamos assistir à estreia de 2012 mas, pelo horário, optamos pela comédia argentina "Um Namorado para Minha Esposa". Bem fraco, por sinal. Ao sair, fome e a pergunta de sempre: o que e onde vamos comer? Quando estamos com amigos (Dani Krause sabe do que falo) o destino é quase sempre o mesmo: o La Villete, na Praça Vilaboim. Sexta pensamos em aproveitar a noite quente e o agito da Avenida e andar até a Bella Paulista, padoca chique na Haddock Lobo. Impossível. Era quase meia-noite e havia fila de espera para conseguir uma mesa. Não pensamos nem em comprar pão pois tinha gente demais lá dentro. (Padocas paulistanas rendem um outro post e até um ranking!) Foi aí que lembramos do Frevo, um lugar já antigo na Rua Augusta, com mesas de madeira, cadeiras vermelhas e garçons de gravata borboleta. Parece que você está numa lanchonete dos anos 60 (foi aberta em 1956 na Rua Oscar Freire) com frascos de mostarda e catchup daqueles amarelo e vermelho nas mesinhas. Tudo bem simples e prático. A casa tem pratos fartos mas é famosa pelos beirutes. Pedi o tradicional, o chamado Beiruth mesmo, de rosbife. Excelente. Havia bastante gente e de idade variada: de jovens dos seus 18, 20 anos, casais de namorados e pessoas mais velhas. Preciso falar também das belas pinturas do Fulvio Pennacchi (parente do marido) que enfeitam a entrada do local. Morando tão perto dali e freqüentando tanto os cinemas do Center 3, nós apenas nos perguntamos: como não descobrimos esse lugar antes? Coisa de paulistano! (Dani Diniz)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A DOIS PASSOS DO PARAÍSO

Acho que já contei aqui que, há alguns anos, morei na Vila Mariana e trabalhei no Paraíso. É, já contei. Mas não contei que além de todas as conveniências de morar perto do trabalho, havia a graça de trabalhar num bairro ótimo como o Paraíso. Porque ali é uma delícia para caminhar, é pertinho do shopping, do metrô e tem ótimos restaurantes onde almoçávamos todos os dias em galera. Eu adoro almoçar em galera. Dá trabalho pra encontrar mesa, a gente pega mais fila, mas é muito mais divertido. Hoje fiz um flashback desses tempos. Passei ali na Rua Coronel Oscar Porto com a minha mãe, não resisti e tive de parar para almoçar no Tenda do Nilo. O restaurante é pequenininho, mas tem, juro, uma das melhores comidas árabes da cidade. Quando eu e o pessoal do escritório frequentávamos ali, as irmãs Xmune e Olinda, donas do lugar, serviam pratos conforme o dia da semana e, claro, as esfihas, kibes e kaftas. Hoje, o cardápio está fixo e mais completo, com umas novidades interessantes. Como o Fatte, uma mistura crocante de pão árabe torrado, carne, grão-de-bico, coalhada fresca, castanhas de caju e alho frito, que eu vi o pessoal da mesa ao lado aproveitando e comentando sobre o “sabor incomparável”. Parecia que a novidade do prato era tanta e tão positiva que causava uma certa alegria nas pessoas que comiam. Tem também o prato de trigo com costela de boi desfiada, que tem um perfume adocicado impressionante e um sabor que encantava um senhor italiano bonachão que não parava de falar "Hummm... buono” atrás da minha mesa. Mas hoje quis mesmo rememorar os clássicos do lugar. Pedimos um kibe e a mamãe quis colocar limão na parte dela antes de comer e foi imediata e gentilmente advertida pela atendente (filha de uma das donas) que aquilo “era uma exceção” por ser a primeira vez dela lá, mas que kibe de verdade como aquele se comia puro, “muito menos com limão!”. Mamãe ficou meio contrariada mas concordou. Eu achei graça, porque, realmente, o kibe considerado o melhor da cidade deve mesmo ser provado sem mais nada. Para mim, os pontos fortes mesmo são as esfihas do Tenda do Nilo, feitas pela Olinda na sua casa, sem deixar escapar nenhum detalhe (mesmo tamanho, quantidade exata de recheio etc.), fazendo jus ao seu confesso complexo de perfeição. Deve ser por isso que as esfihas de lá já foram premiadas e comentadas em inúmeros artigos de gastronomia. A massa é fininha e crocante porque não ficam o dia todo na estufa, são aquecidas só na hora de servir e em forno elétrico. E os recheios então? O de carne tem um gostinho de canela ou até outras especiarias (eu nem pergunto porque curto o mistério) e o de ricota é muito bem temperado, deixando um gostinho ótimo que fica ali na boca de lembrança mesmo alguns minutos depois de comer. Como hoje a ajudante tinha faltado, a Xmune, que é a dona e cozinheira amorosa do lugar, estava sobrecarregada na cozinha minúscula do Tenda. É outro mistério como ela consegue fazer tanta comida deliciosa naquele espaço tico, mas o fato é que de lá sai, a todo momento, mais uma gostosura para encantar os clientes, sempre muito bem tratados. Aliás, eu acho fofo o bordão delas: “Habib, seja super bem-vinda!”... hehe. Como hoje não é quinta-feira e eu não pude pedir o Chauerma, que é o kebab de lá e que, inclusive, me faz lembrar muito a Claudinha Kronka, que também adora o prato, chegou meu sanduíche de kafta com homus. Não matei, fuzilei a fome e a saudade daquela comida. Para terminar com chave de ouro (e para justificar ficar sem comer até amanhã), eu e a mamãe dividimos uma sobremesa criada no Tenda do Nilo e que foi premiada pela Revista Paladar como a melhor sobremesa de São Paulo: a Mil e Uma Noites. Só o preço achei meio alto (R$19,00 cada), mas como são necessárias duas pessoas para conseguir comer, então, vale. É um bolo de semolina coberto com um creme de nata e pistaches com calda de água perfumada de rosas. O nome e o sabor são tão sugestivos que dali mesmo do bairro do Paraíso fomos remetidas a um outro mundo... de desertos, oásis, palácios, Sheiks e princesas contadoras de histórias. Está certo, eu posso não ser uma princesa, mas adoro contar aqui essas minhas histórias... (Dani Krause)


Tenda do Nilo
Rua Coronel Oscar Porto, 638 (bem na esquina com a Rua Abílio Soares)
Só aceitam dinheiro e Visa débito, nenhum cartão de crédito nem cheque.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

JAZZ NA BOÊMIA VILA MADALENA

Quinta-feira passada fui a um bar diferente na Vila Madalena, famosa por seus botecos com mesas na calçada. Chama-se MADELEINE e fica na Rua Aspicuelta, entre a Harmonia e a Girassol. O lugar é bonito, bem decorado com móveis em madeira de demolição e iluminado apenas com luz de velas vermelhas. No chão, nas mesas, nas escadas. Um lustre enorme – que me fez lembrar o lustre do Fantasma da Ópera – também só ilumina com suas velinhas vermelhas. O resultado é um local charmoso, aconchegante e, claro, escuro. Para olhar o irreverente cardápio, a ajuda da laterninha é providencial. Há pizzas de formatos e sabores diferentes, crostatas, saladas com folhas, queijo coalho e melaço e pratos como uma polenta mole com almeirão e linguiça que deixei para a próxima vez que pisar lá. O melhor do local, no entanto, não é a comida. De terça a domingo, às 21h30 três músicos tocam jazz perto do bar, uma parte improvisada como palco, com cortinas vermelhas abertas na janela – para quem quiser ver e ouvir do lado de fora. O som é bom e muito agradável. Foge do estilo MPB também típico dos botecos da Vila. Às quintas-feiras, destaque para o músico Daniel Daiben, que comenta jazz na Rádio Eldorado, no Programa Sala dos Professores. É, depois dos 30, a gente treina o ouvido e começa a gostar mais de clássicos, jazz, blues... essas coisas que quando tínhamos 20 chamávamos de música de tiozão. Para quem gosta do ritmo, vale a pena conferir. (Dani Diniz)


Madeleine
Rua Aspicuelta, 201 - Tel.: (11) 2936-0616
Couvert Artístico: 15 reais

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Eu nem bem me recuperei de fazer 30 anos e a sombra amedrontadora de dentes afiados dos 40 já começa a rondar. Outro dia uma das minhas cunhadas completou 40 anos. É praticamente inacreditável que ela tenha essa idade porque não tem nem cara, nem corpo e nem jeito do que eu, lá pela adolescência, achava que deveria ser uma mulher de quarenta anos. E graças a Deus!!! É um alívio e uma inspiração, porque há esperança depois dos “enta” (hehe)! Estou falando esse monte de coisas porque, claro, fazer 40 anos é um acontecimento e merece uma boa comemoração. E teve. Fomos jantar no atualmente chamado Gardênia Restô. É a versão renovada do antigo Café Gardênia, onde eu almoçava quando ainda era solteira e depois tirava as tardes de sábado para ficar horas na FNAC da Praça dos Omaguás. Ali é bem o coração de Pinheiros e ainda tem uma feirinha de quadros e artesanato na praça. O lugar sempre foi bonitinho e frequentado por gente descolada, mas, agora, ficou muito mais interessante depois de uma reforma e mudanças no cardápio e no layout. Hoje é o Gardênia Restô, que tem uma filial bacana também na Al. Gabriel Monteiro da Silva. O clima ficou muito mais intimista e aconchegante, com velas, luz âmbar, espelhos e uma aprovada seleção musical. É um lugar também para idas a dois. O importante é dizer que o menu agora é algo sim a se comentar, tendo como destaque a carne de cordeiro, que é suculenta, bem feita e apresentada com acompanhamentos diferentes como o couscous marroquino com abobrinhas e amêndoas. Para acompanhar a paleta de cordeiro, o marido pediu batatas gratinadas com queijo gruyère e não se arrependeu. Eu comi ravioli de cordeiro porque continuo viciada numa massa, mas fiquei bem morrendo de vontade de provar o carré em crosta de parmesão com purê de mandioquinha. Sugestões deliciosas no cardápio não faltam para nenhum tipo de gosto ou opção alimentar, até para vegans. Ah, vale dizer que provei ali a melhor caipiroska de frutas vermelhas dos últimos tempos (finalmente uma que vale o quanto custa). Brindamos, rimos com histórias e aventuras dos anos que minha cunhada passou na Revista Caras e na ed. Abril e foi uma comemoração elegante e discreta como ela. Passamos uma noite muito agradável por ali, bem à altura de felizes e bem vividos 40 anos. Que venham os meus... (Dani Krause)

Gardênia Restô
Praça dos Omaguás, 110 - Pinheiros

PS: Envio das fotos prometido e cumprido. Valeu, cunhado!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

DIA DE JOGO NO PACAEMBU




Fui convidado pra escrever um pouco sobre uma paixão paulistana, o Pacaembu, e sobre uma paixão nacional, todo mundo sabe, Futebol. Aconteceu que o Grêmio, meu time, veio lá do Rio Grande do Sul jogar em Sampa contra o Corinthians num sábado nublado e friorento. Sou gaúcho e louco pelo Grêmio. A Dani Krause, que é minha mulher, é paulistana e torce pro Corinthians (torce meio de berço, porque, depois de casada, ela virou gremista com certeza!). E assim partimos de casa, eu cheio de esperança na vitória e ela dividida. Ir a um jogo de futebol sempre exige certo espírito aventureiro. Nunca se sabe bem o que e quem você vai encontrar. Munidos de umas capas de chuva meio ridículas porque têm “Paris” escrito nas costas (foi o que deu pra arrumar), lá fomos nós, com algumas horas de antecedência. Precavido que sou, comprei os ingressos antes pela internet e qual não foi minha surpresa ao sermos informados ao chegar ao estádio que teríamos de enfrentar uma fila de uns 70 metros pra retirar o ingresso, junto com a galera toda que compra ingresso normal. Resignados, só ficamos pensando que a vantagem era nenhuma em pagar a “taxa de conveniência” nas compras pela internet. Porém, depois de uma hora congelando na fila, a moça no guichê nos disse que não precisávamos ter pego a fila e que era só ter ido direto ao guichê. “Ótimo, só nos avisam agora.” E isso que perguntamos a dois “organizadores” de colete amarelo e crachá do Corinthians, se realmente precisávamos pegar aquela fila pra somente retirar os ingressos. Enfim, pegamos os ingressos e saímos fulos da vida. Passamos ao lado da fila, reclamando alto. “Que absurdo! Palhaçada!” – disse a Dani. E eu, indignado, disse: “Pois é, e aqueles carinhas ali de amarelo são do Corinthians. São do Corinthians!”. E a Dani: “Ah, bando de jumentos!”. E, claro, as últimas duas frases, inadvertidamente, saíram em alto e bom som. A Dani não notou, mas percebi os olhares pouco amistosos do pessoal “gente boa” da fila. Caramba, que mancada! Tratei de apressar nossa saída de lá. Passamos pelo final da famosa feira do Pacaembu que rola todos os sábados de manhã e que, inclusive, é uma boa pedida pra provar o típico pastel da Barraca do Zé (de qualquer sabor é delicioso). É um verdadeiro clássico paulistano. Resolvemos pegar o carro e deixá-lo no Shopping Higienópolis, não muito longe dali, almoçar e depois seguir à pé para o estádio. A Dani é meio cheia de coisa pra comer, então almoçamos num lugar legal de comida natureba chamado Bio Alternativa, na Rua Maranhão em Higienópolis. O buffet tem uns pratos bem diferentes e, enquanto eu comia um chique bolinho de polvilho com trigo sarraceno e queijo cottage e bebia suco de abacaxi com hortelã, fiquei pensando: “Pô, o cara atrás de mim na fila, com a camisa da Gaviões, agora provavelmente tá mandando ver um sanduíche de pernil com Ki-suco de laranja na frente do estádio... Que inveja!”. Tomamos o rumo do Pacaembu. Como chegamos cedo, não tivemos problemas pra entrar. Aliás, isso é uma coisa que melhorou bastante. Lembro que há uns 10, 15 anos, comprar ingresso e entrar no estádio era muito pior. Não havia filas organizadas e o tumulto era frequente. Hoje em dia pelo menos tem uma certa organização. Não é uma beleza, mas perto do que era... É claro que, na numerada, onde ficamos, você nunca se senta no número impresso no ingresso (nem sei por que chama numerada), mas faz parte do protocolo. Bom, sentamos mais ou menos no meio da “numerada”, com uma boa visão do gramado e pudemos apreciar como o Pacaembu (que em Tupi-Guarani quer dizer: terras alagadas) é um lugar legal: a construção charmosa, inaugurada solenemente em 1940, é uma bela obra arquitetônica ali encravada no vale do bairro, a torcida fica relativamente perto do campo e, em qualquer lugar do estádio, é possível ter uma boa visão do jogo. Ficamos imaginando aquilo com a concha acústica na sua construção original recebendo a Copa de 50! Devia ser ainda mais bonito. Outra coisa muito legal ali e que merece ser visitada é o Museu do Futebol. Já fomos e adoramos. E não são só os apaixonados pela bola que curtem. É um programa que recomendo para toda a família, para saber, de uma forma bem interativa, como é que surgiu esse amor do brasileiro pelo futebol, algo que faz parte definitiva da nossa cultura. Enfim (eu também tenho mania de falar “enfim”), acomodados nos nossos assentos, infiltrados na torcida do Corinthians (porque o lugar era melhor, claro), esperamos pelo início do jogo, observando os vendedores ambulantes (outra diferença em relação ao passado: todos eles são regularizados). Há churros de doce de leite, chocolates meio derretidos, pipoca fria, amendoim, refrigerante, água e cerveja sem álcool. E eu me lembrei com saudade de ir criança com meu avô ao estádio lá no Sul... O jogo começou quente, apesar do vento frio. Ronaldo em campo, promessa de espetáculo. Mas justo contra o Grêmio? Sacanagem. Pois foi no segundo toque dele na bola... De fora da área, chute de esquerda, desvio no zagueiro, frango do goleiro e bola na rede: 1 x 0. Droga! A Dani comemorando comedidamente para não me chatear muito e eu disfarçando: “êeee”, fingido ser o que não era pra não passar apuro com a galera corinthiana. Vamo lá! Pouco depois, bola no Ronaldo de novo, tabelinha, passe na esquerda, sem impedimento, cruzamento e... gol do Corinthians: 2 x 0. Era só a metade do primeiro tempo. Arghhh! A pior parte mesmo era ter de levantar e esboçar uma comemoração, pra não dar bandeira. Depois disso, fiquei mais quieto. A Dani sabe que, quando estou quieto demais, é porque estou bravo. Pô, o cara é gordo, tem o joelho bichado e joga mais que todos os outros 21 jogadores em campo? Minha vontade era de gritar pro técnico paradão do Grêmio fazer alguma coisa. Mas tive de me controlar. Segundo tempo. Ânimo. Se o Grêmio fizesse um golzinho o jogo pelo menos ia voltar a ter um pouco de graça. Dito e feito: cruzamento da direita e gol de cabeça do Grêmio. Putz, apertei forte a mão da Dani do meu lado pra não gritar e engoli o GOOOOOL. O frio e o vento ajudaram, porque eu pude comemorar um pouco encolhido na cadeira e embaixo do capuz do meu moleton. Pronto... Ainda tinha mais meia hora de jogo. Tempo suficiente pra empatar. Uns quinze minutos depois, lance do Grêmio na entrada da área, passe pro meio, atacante no chão, apito do juiz. Não me segurei. Levantei e gritei: “Pênalti!”. A Dani me puxou e, de soslaio, observei as cabeças se virando na minha direção. Olhares indignados. Fui salvo pelo juiz, que tinha apitado “perigo de gol” (ou seja, inventou um impedimento inexistente contra o Grêmio) e, numa reação rápida, mas pouco espontânea, eu disse: “Ufa! Ainda bem que não foi pênalti!”. Soou muito falso, mas os incautos morderam a isca, animados pelo erro do juiz. O jogo seguiu morno até o apito final. 2 x 1, derrota do meu time. Não se pode ganhar sempre... Mas apesar de tudo, valeu muito o passeio. Mesmo porque, para mim, ver futebol no Pacaembu justificaria assistir até XV de Jaú contra Bandeirante de Birigui! (Marcos Krause).



Estádio do Pacaembu
portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/esportes/pacaembu
Praça Charles Miller, s/nº

Barraca de Pastel do Zé
Praça Charles Miller, s/nº - Feira do Pacaembu
Quintas e sábados das 6h às 15h

Restaurante Bio Alternativa
www.bioalternativa.com.br/restaurante/index.htm
Rua Maranhão, 812


Museu do Futebol
www.museudofutebol.org.br
Praça Charles Miller, s/nº Estádio do Pacaembu

CONVIDADOS ESPECIAIS NO BLOG

Nosso blog ainda é filhote, não tem nem um ano, mas estamos iniciando uma nova fase, uma cara nova. Como várias pessoas sabem tanto ou mais do que nós sobre São Paulo, resolvemos abrir um espaço aqui para "textos visitantes". Isso mesmo! Vez ou outra publicaremos um texto de um convidado especial, que vai contar suas experiências, impressões pessoais e dar dicas sobre como pode ser muito bacana viver nessa megalópole alucinada que nós amamos tanto. Nosso primeiro convidado, só para ser bem puxa-saco mesmo, vai ser "O Marido", sobre quem eu falo direto aqui e que vive me acompanhando pelos passeios na cidade. O Marcos, que também é Krause, claro, é um gaúcho bem paulistano e fanático por futebol. Só podia dar nisso aí... (Dani Krause)

sábado, 24 de outubro de 2009

PASSEIO PELA TEODORO SAMPAIO

Em algum 25 de janeiro (data em que comemoramos aniversário de São Paulo) eu li uma página no jornal que destacava várias coisas típicas do paulistano. Era uma propaganda – não lembro se do Itaú ou Pão de Açúcar. Entres as “paulistanices” estava escrito algo do gênero: paulistano adora babar nos móveis da Rua Gabriel Monteiro da Silva, mas acaba comprando mesmo na Rua Teodoro Sampaio. Admirar os móveis da Gabriel eu faço sempre que passo por aquela rua. Sair para comprar algo – de fato – foi o que fiz no domingo, com meus pais e minha irmã. E foi, claro, na Teodoro Sampaio, a rua que começa ali perto do Largo da Batata (um dia a gente fala dele também) e termina lá em cima, na Doutor Arnaldo. Dominada por lojas de móveis, a Teodoro é o endereço do paulistano que está montando ou renovando a casa. E há também quem goste apenas de passear, olhando o que tem de novo nas vitrines (que era o meu caso). A intenção dos meus pais era ver preço, a da minha irmã era comprar uma mesa de canto. A minha? Só observar. Passamos pela ala das cozinhas, dos sofás, das mesas . A maioria da lojas vende um pouco de tudo, com suas atendentes e calculadoras dividindo tudo em parcelas infinitas ou oferecendo descontos para pagamento à vista. Há algumas lojas mais focadas: de quartos de bebês e cozinhas. E há também as muiiiiiiiiiito focadas, que só vendem prateleiras, por exemplo. No domingo, grande parte das lojas fecha às 19h. Tempo suficiente para entrarmos em umas dez lojas, compararmos preços e, claro, comprarmos a mesinha da minha irmã. Se a casa estiver precisando de uma renvada, vale pesquisar por lá também. (Dani Diniz)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

10 COISAS QUE AMO EM SÃO PAULO

Já que é para voltar, que seja em grande estilo para que vocês se animem e pensem também naquilo que São Paulo mais oferece de maravilhoso. Troquei mensagens rapidamente com a Dani Krause agora sobre a volta do blog e a ideia de listar aqui as 10 coisas que mais adoro em São Paulo surgiu naturalmente. Segue a minha caprichada listinha. Aguardo a de vocês. (Dani Diniz)

1) Andar pela Paulista numa tarde de férias. A-dor-ro gastar a sola do sapato de uma ponta a outra da Paulista com paradas obrigatórias nas Livrarias Martins Fontes, Fnac e Cultura. Pausa para o café no Fran’s perto da Brigadeiro ou no Café do Ponto no andar de baixo do Center 3. Espiar o burburinho do Conjunto Nacional e observar o movimento das bancas de revistas também fazem parte da rota.
2) O bairro onde moro: Higienópolis. Charmoso, arborizado, cheio de cachorros e sabiás e a um passo do centro. Higienópolis tem tudo ao alcance e jeitão de bairro mesmo. Ótimos restaurantes, um shopping bem completo, uma padaria incrível, as praças Buenos Aires e Vilaboim e quase todos os serviços ali pertinho.
3) Supermercados, farmácias, restaurantes, lanchonetes, bancas de revistas abertos 24 horas. Para alguém que vive sem horários e adora uma madrugada, serviços 24 horas são fundamentais.
4) A Pizza da 1900. Além de ter um valor sentimental (o primeiro jantar com meu marido aconteceu na 1900 da Rua Estado de Israel) eu adoro aquela pizza. A massa não é nem grossa nem fina, ingredientes na medida certa e o atendimento sempre foi espetacular.
5) O luxo dos Jardins. Andar pela Lorena, Oscar Freire, Hadock Lobo e olhar as vitrines de suas lojas chiquérrimas. Pausa obrigatória para o café na Livraria da Vila.
6) A Vila Madalena. Confusa, com seus sobes e desces, a Vila ferve. Os bares, as lojinhas alternativas e a “muvuca cool” sempre agradam.
7) A Sala São Paulo. Linda e sempre palco de excelentes apresentações.
8) O passeio 2 em 1: Museu da Língua Portuguesa + Pinacoteca do Estado. São Paulo também é cultura.
9) O Mercado Municipal – um clichê da cidade, passar no Mercadão para abastecer a ceia de ano novo virou quase um ritual. Comer o pastel de bacalhau também.
10) Feriado. Quer coisa melhor do que fazer tudo isso aí em cima num dia sem trânsito? São Paulo no feriado não tem preço.

VAMOS ADOÇAR O MUNDO!

Hoje eu quero falar de uma coisa que eu adoro – doces – e de uma pessoa que eu adoro – a Flavinha. Eu conheci a Flávia por causa da Tiz, que é uma amiga que conhece todas as pessoas mais legais e descoladas da vida, seja em São Paulo, no Timor Leste, em Paris, no Marrocos ou na Índia. Você conhece alguém que é convidado para casamentos no Marrocos e na Índia? Não? Pois é, a Tiz é convidada direto pra esse tipo de evento. Ela não é o máximo? É sim!
Então, voltando (hoje está difícil), há 3 anos a Tiz teve uma ideia fofa, junto com outras amigas, de me darem um bolo de aniversário especial. Eu faço aniversário em junho e ia cair bem próximo da Festa Junina do nosso grupo (tá, eu sei, que é ridículo, mas a gente ainda faz festa junina e somos felizes assim, ok?) e, naquele ano (o ano que eu casei de verdade), eu ia pagar o mico master de ser a noiva junina e fazer aquela palhaçada toda do noivo fugitivo, do pai maluco e da espingarda de mentira. Aí elas decidiram que iam mandar fazer um bolo de aniversário com dois noivinhos em cima que pareciam mesmo comigo e com o marido, mas ambientados em clima junino total. Olha o bolo aí na foto. Ficou a coisa mais linda e, claro, eu chorei feito uma desesperada com a surpresa porque, não parece, mas eu sou sensível. Quando comemos o bolo descobrimos que, além de lindo, ele era delicioso e eu quis logo saber quem era a artista que tinha feito aquela maravilha (porque tem que ser muito artista pra fazer aquilo).
No caso, era a Flávia Ribeiro de Andrada e Silva (olha que ela é uma Andrada e Silva de verdade, descendente do José Bonifácio e tudo). A Flavinha, que é como eu folgadamente a chamo agora, é a chef boleira, doceira, fazedora de bem casados, cupcakes, biscoitos, doces e de todas as gostosuras mais gostosas da face da terra que eu conheço e ainda é querida, educada, simpática e cumpridora de prazos. Não é o máximo? É sim! Ela faz coisas muito lindas e deliciosas. Não, os bolos de aniversário, infantis, casamento, batizados, despedidas, chegadas e todos os demais que ela faz não têm aquele gosto de pasta americana esquisita que gruda a boca da gente por duas horas. Tudo o que ela faz fica realmente muito saboroso. E ela tem umas ideias ótimas de decoração, personalização e é super caprichosa nos enfeites. Algumas coisas são tão criativas e diferentes que podem ser dadas de presente também, no Natal, na Páscoa, no Dia dos Namorados ou no dia que te der na cabeça dar um presente legal pra alguém especial.
Pra terem mais ideia do trabalho dela, no meu aniversário deste ano ela fez um bolo especial pra mim inspirado no filme “De repente trinta” (sabe aquele que toda mulher nessa faixa etária já viu umas quatro vezes? Esse) e todo mundo adorou na festa, o que rendeu frutos para outro aniversário de amiga, também trintona, que fez um evento meio trash-anos80 e escolheu um bolo em formato de vitrola que ficou muito bacana! Então, hoje, que eu estou toda meiga e docinha (o que é praticamente um milagre), eu quero dar essa dica pra vocês, a empresa da Flávia, a Zuccheria, que tem um nome muito apropriado, porque se tem uma coisa que ela sabe fazer nessa vida é sair por aí adoçando o mundo! No próximo evento, chame correndo. (Dani Krause)
www.zuccheria.com.br
www.flaviaribeiroandrada.blogspot.com

A VOLTA DAS QUE NÃO FORAM ou O ATAQUE DE BREGUICE

"Minhas malas coloquei no chão, eu voltei / Tudo estava igual como era antes, quase nada se modificou / Acho que só eu mesmo mudei, eu voltei / Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar / Eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei... larara la ra la ra la ra”. Ai, que nervo que me dão esses meus ataques de Roberto Carlos! Outro dia eu conto como uma vizinha apaixonada pelo Roberto Carlos pode te traumatizar pela eternidade. Voltando...
Cruzes, quase três infindáveis meses sem escrever. Por favor, nos perdoem, pelo menos a mim, porque passei por uma fase de reabilitação do meu espírito indômito. Precisei mesmo, até porque, às vezes, a vida é aquela professora sacana que manda uma prova inteira só com aquela matéria que ela jurou que não ia cair, sabe? Mas, como eu digo sempre, enfim... Enfim, nós de novo por aqui. (Dani Krause)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

SÃO PAULO ENGORDA

Cheguei a conclusão acima ontem à noite e pude comprová-la hoje, no final do almoço. Nesta semana, em especial, estou almoçando e jantando muito fora. E isso – em São Paulo – é um verdadeiro perigo. Segunda-feira, fui almoçar no Chácara Santa Cecília, aqui perto da Abril. O restaurante fica num lugar lindo , numa antiga Chácara que preserva boa parte de verde. A Abril em peso adora almoçar lá porque é perto, é bonito e é, digamos, gostosinho. Durante o dia funciona como restaurante mesmo, com Buffet de saladas, pratos quentes e sobremesa a um preço fixo. À noite, vira balada (e lotada). Terça-feira foi dia de almoçar no Ráscal com duas amigas. Como já escrito pela Dani Krause, lá (embora meu marido adora dizer que não vale o custo x benefício) é uma perdição para quem quer se manter na linha. Você se acaba de comer no Buffet e depois, na onda do “já que estou aqui”, não tem como escapar de pegar uma massinha. Ontem à noite, combinei um jantar com Gláucia, uma amiga de mais de 15 anos. Ela escolheu um restaurante ao lado de sua casa – na Cônego Eugenio Leite, em Pinheiros, o Vinheria Percussi. Resumo da noite: conversa agradável, lugar lindo e prato delicioso. Comi um risoto de bacalhau, com azeitonas verdes, tomates frescos e pinoli. Sensacional! Tirando o couvert, é claro. Pagar 6 reais para comer pão frio com manteiga não dá. Nesse ponto, fico no custo x benefício e da próxima vez vou pular essa parte. Para terminar, acabo de voltar de mais um almoço fora, com uma fonte bem bacana. Fui no Pobre Juan, na Vila Olímpia. Argentino em tudo: nas carnes maravilhosas, no tango eletrônico ambiente, no crepe de doce de leite da sobremesa (esse eu só espiei). O local é muito agradável, a música é ótima e a comida, saborosa. Pedimos empanadas de entrada e optamos pelo menu completo: escolha de uma carne,que já vem com um acompanhamento a escolher, batatas (daquelas que parecem ter vento dentro e crocantes por fora) e ainda uma tigela de salada básica e gostosa. Sem dúvida, esse é um lugar que recomendo muito e devo voltar em breve. Espero ir numa sexta-feira já que disseram que rola um tango por lá às noites. Perfeito. Enfim, hoje é quinta-feira e se eu seguir nesse ritmo até o final de semana preciso fugir de qualquer balança que aparecer na minha frente! (Dani Diniz)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

PARA COMER A QUALQUER HORA

Conheci o Joakin’s no começo do namoro com meu marido (lá pelo final da década de 90). Gostei de cara. Localizado na Joaquim Floriano, miolinho do Itaim, o vulgo JOKA é um clássico da noite paulistana. Funciona desde 1965 e mantém muitos dos seus garçons desde o início. Não só os garçons, mas os clientes também. É possível ver gente de todas as idades com a senha nas mãos, esperando uma mesa para se deliciar com um cheese salada e um milk shake. Há famílias em busca de mesões, casais de namorados ou bando de amigos que saem das baladas e vão reabastecer a energia por lá. Afinal, as portas da casa estão abertas até às 5 da manhã (de segunda à quinta) e até às 6h (de sexta e sábado). Os sanduíches são ótimos (tanto os prontos, quanto os que podemos montar), os beirutes são fartos e o milk shake, na minha opinião, é o melhor de São Paulo. E, para quem preferir uma coisa natureba, também tem pratos, omeletes e sucos naturais. Pra ser bem sincera, porém, ir para lá e não provar o milk shake é um pecado. Não sou de tomar muito milk shake (afinal, calorias aleatórias não combinam para quem passou dos 30) mas quarta-feira, dia 08 de julho, véspera de feriado paulista, não tive dúvida e fui para o Joca. Esperei uns dez minutos com a senha nas mãos e, com água na boca, fiz meu pedido. Um cheese calabresa e, claro, um milk shake de coco. O serviço foi ótimo, foi rápido (como costuma ser). Valeu a pena ter enfiado o pé na jaca. Se você não conhece ainda o Joakin’s perdeu um pedaço delicioso de São Paulo. (Dani Diniz)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

VIAGEM AO CENTRO DA (MINHA) TERRA

Sempre que viajamos para grandes cidades em outros países, saímos cedo, andamos muito (inclusive de metrô), tiramos muitas fotos, nos impressionamos com a arquitetura, com a história do lugar, achamos tudo lindo (até o que não é muito lindo) e voltamos à noite, exaustos e felizes. E foi exatamente isso o que fizemos ontem, só que por São Paulo mesmo. Aproveitamos o feriado para colocar um jeans, um tênis velho e sair por aí para bater perna e aproveitar o dia de sol que fez por aqui. Espírito de turista. A ideia inicial era só matar uma vontade louca de comer o delicioso pastel de bacalhau do Hocca Bar no Mercado Municipal, mas fizemos mais. Muito mais. Eu e o marido marcamos com o papai (o melhor e mais empolgado guia do Centro de São Paulo que eu conheço) para começarmos o dia tomando um café da manhã delicioso no Café Girondino, bem em frente à Igreja e ao Mosteiro de São Bento. Não me canso de ficar encantada sobre como o Girondino é charmoso e de como, abstraindo um pouco sobre os arredores, me faz sentir numa cidade européia, tomando aquele café gostoso e olhando a Igreja pela janela. Andando, seguimos pela Rua Boa Vista e encontramos edifícios maravilhosos de inspiração art nouveau, com vitrais encantadores, que deviam ficar escondidos atrás dos outdoors imensos que dominavam a cidade antes da bem-vinda Lei Cidade Limpa. Chegamos até a Rua XV de Novembro, vimos o prédio da Bovespa e do Banco do Brasil e chegamos até a Praça Antonio Prado, onde é possível encontrar uns quiosques de madeira com engraxataria, telefone público (escrito com ph) e até um coreto! Seguindo reto chegamos em frente ao primeiro arranha-céu da América Latina (30 andares), o Edifício Martinelli, que, apesar de deteriorado e tristemente pichado, ainda guarda o ar de glamour da década de 30, uma beleza arquitetônica indiscutível e com tanto para contar... como a existência de uma construção especial no 26º andar inspirada numa vila italiana, chamada Casa do Comendador, que funcionava como residência da família Martinelli, somente para provar ao povo, na época, de que o prédio era seguro. Ficamos imaginando que aquela construção combinaria perfeitamente em Nova York, onde, certamente, estaria mais conservada e custaria uma fortuna para manter um escritório. Deu até uma tristeza de pensar em como e quanto nosso povo não se preocupa com a preservação de sua história. Descendo um pouco mais, quase chegando na Líbero Badaró, avistamos a antiga sede dos Correios. Um belíssimo prédio. Voltamos até chegarmos à Praça do Patriarca. Uma equipe de filmagens fazia quase magia para que chovesse no meio da praça, mesmo sem uma única nuvem no céu. Reparamos nos detalhes do antigo Hotel Othon, no polêmico arco moderno que colocaram sobre a saída da primeira escada rolante do Brasil, a Residência Artística (onde a FAAP agora – ainda bem – mantém e preserva a história de pintores importantes do século XX que mantinham seus ateliês no local), o prédio da Prefeitura e seu jardim suspenso e, claro, o Viaduto do Chá. Não fomos até o outro lado do viaduto ver o Teatro Municipal e o Shopping Light porque queríamos tomar um café lá no Pátio do Colégio. Pegamos a Rua Direita e fomos até a Praça da Sé. Lá no meio, a imagem do Padre José de Anchieta abençoava a todos e parecia se lastimar pela situação das pessoas que perambulam por ali. Seguimos até o marco zero e o marido logo quis saber para que lado ficava seu amado Rio Grande Sul. Ah, a Catedral da Sé. Linda, grandiosa, robusta, receptiva e sem ser suntuosa demais, o que, a meu ver, combina muito mais com o que pelo menos eu acredito que sejam os princípios divinos. Além dos vitrais, adorei mesmo foi um anjo simples, esculpido na pedra que fica quase escondido numa capelinha lateral. Seguimos até o Pátio do Colégio e, ali, nunca canso de me impressionar com a arquitetura do antigo Tribunal de Alçada (e olha que eu já passei por lá nessa vida, hein!). O antigo escritório de arquitetura de Ramos de Azevedo trabalhou muito na cidade no século passado e deixou sua marca de verdade. Dá pra identificar claramente no que eles colocaram as mãos. Do outro lado, no Museu Anchieta, fizemos uma descoberta maravilhosa. O Café do Páteo é um lugar agradabilíssimo dentro do que seria a réplica da antiga construção do Colégio dos Jesuítas (onde a cidade foi fundada em 1554) e depois tornou-se a sede da Presidência da Província de São Paulo, nos idos da colonização do Brasil. Que delícia aquele lugar arborizado, com mesinhas simpáticas, que serve de ótimo ponto de parada de turistas e passeadores locais (como nós!). Como não tinha entrado ali nunca (porque só passo correndo e morrendo de pressa), nos surpreendemos com o espaço. Pra melhorar, ainda é possível encontrar uma parede de taipas da época da colonização totalmente preservada dentro de um vidro e visitar o Museu Anchieta. Não é nada demais, mas tanta coisa vem à mente olhando aquilo. Como a vida devia ser difícil para o povo que veio habitar uma região até então inóspita e a situação dos índios locais invadidos e catequizados por uma cultura estranha. Quantos conflitos, abusos, boa e má fé fizeram parte da criação do nosso país... Descemos até a Rua 25 de Março que, mesmo sendo feriado e com 80% das lojas fechadas, estava bem cheia (qualquer dia falo mais da 25). Fomos até a Rua da Cantareira almoçar no Mercado Municipal. Esse sim estava lotado. Eu a-do-ro esse lugar. Os cheiros e as cores das frutas, os queijos maravilhosos que eu amo (só lá eu encontro o Rembrandt capa preta holandês!), os temperos perfumados (onde mais se acha marsala por aqui?) e, claro, o fantástico, estupendo e incomparável pastel de bacalhau do Hocca Bar. Nos acotovelamos um pouco, enfrentamos o mau humor alheio na busca de mesas, pegamos uma fila, mas nada nessa vida ia me impedir de saborear aquele pastel ontem. No final deu tudo certo, matei a vontade que estava me matando e almoçamos muito bem. Depois, puxando uma carga extra de energia das pernas do papai, subimos a Senador Queiróz e fomos lá em cimão no cruzamento mais famoso da cidade: Av. Ipiranga x Av. São João. Vimos como o Cine Marabá ficou lindo depois da reforma e ficamos felizes em ver como iniciativas de recuperação do centro da cidade podem dar muito certo, porque estava lotado! Acho que as pessoas estão cansadas de ficarem trancadas sob a falsa sensação de proteção dos shoppings centers. O povo quer mais é ir pra rua de novo! Viva! Terminamos o dia (que rendeu muito) tomando um cremoso chopp Black no Bar Brahma (até eu tomei!) e voltamos para o metrô Santa Cecília pelo Largo do Arouche (que, segundo o papai, já foi chiquérrimo). Ai, como eu adoro aquela escultura do Brecheret ao lado da linda banca de flores em frente ao restaurante Le Casserole. Fico imaginando uma cena romântica do homem saindo do restaurante e voltando com flores para sua amada numa noite especial. É claro que, como em todas as grandes cidades do mundo, em maior ou menor grau, existe poluição, medo, violência, aglomeração, sujeira, pobreza, falta de higiene, bêbados, pedintes, miseráveis, trombadinhas, trombadões e tantas outras coisas tristes. Mas ontem, só por ontem, resolvemos ver São Paulo de um outro jeito: exercitando as pernas e o olhar que só vê a beleza! Foi fantástico. Tente um dia desses. (Dani Krause)