terça-feira, 10 de novembro de 2009

A DOIS PASSOS DO PARAÍSO

Acho que já contei aqui que, há alguns anos, morei na Vila Mariana e trabalhei no Paraíso. É, já contei. Mas não contei que além de todas as conveniências de morar perto do trabalho, havia a graça de trabalhar num bairro ótimo como o Paraíso. Porque ali é uma delícia para caminhar, é pertinho do shopping, do metrô e tem ótimos restaurantes onde almoçávamos todos os dias em galera. Eu adoro almoçar em galera. Dá trabalho pra encontrar mesa, a gente pega mais fila, mas é muito mais divertido. Hoje fiz um flashback desses tempos. Passei ali na Rua Coronel Oscar Porto com a minha mãe, não resisti e tive de parar para almoçar no Tenda do Nilo. O restaurante é pequenininho, mas tem, juro, uma das melhores comidas árabes da cidade. Quando eu e o pessoal do escritório frequentávamos ali, as irmãs Xmune e Olinda, donas do lugar, serviam pratos conforme o dia da semana e, claro, as esfihas, kibes e kaftas. Hoje, o cardápio está fixo e mais completo, com umas novidades interessantes. Como o Fatte, uma mistura crocante de pão árabe torrado, carne, grão-de-bico, coalhada fresca, castanhas de caju e alho frito, que eu vi o pessoal da mesa ao lado aproveitando e comentando sobre o “sabor incomparável”. Parecia que a novidade do prato era tanta e tão positiva que causava uma certa alegria nas pessoas que comiam. Tem também o prato de trigo com costela de boi desfiada, que tem um perfume adocicado impressionante e um sabor que encantava um senhor italiano bonachão que não parava de falar "Hummm... buono” atrás da minha mesa. Mas hoje quis mesmo rememorar os clássicos do lugar. Pedimos um kibe e a mamãe quis colocar limão na parte dela antes de comer e foi imediata e gentilmente advertida pela atendente (filha de uma das donas) que aquilo “era uma exceção” por ser a primeira vez dela lá, mas que kibe de verdade como aquele se comia puro, “muito menos com limão!”. Mamãe ficou meio contrariada mas concordou. Eu achei graça, porque, realmente, o kibe considerado o melhor da cidade deve mesmo ser provado sem mais nada. Para mim, os pontos fortes mesmo são as esfihas do Tenda do Nilo, feitas pela Olinda na sua casa, sem deixar escapar nenhum detalhe (mesmo tamanho, quantidade exata de recheio etc.), fazendo jus ao seu confesso complexo de perfeição. Deve ser por isso que as esfihas de lá já foram premiadas e comentadas em inúmeros artigos de gastronomia. A massa é fininha e crocante porque não ficam o dia todo na estufa, são aquecidas só na hora de servir e em forno elétrico. E os recheios então? O de carne tem um gostinho de canela ou até outras especiarias (eu nem pergunto porque curto o mistério) e o de ricota é muito bem temperado, deixando um gostinho ótimo que fica ali na boca de lembrança mesmo alguns minutos depois de comer. Como hoje a ajudante tinha faltado, a Xmune, que é a dona e cozinheira amorosa do lugar, estava sobrecarregada na cozinha minúscula do Tenda. É outro mistério como ela consegue fazer tanta comida deliciosa naquele espaço tico, mas o fato é que de lá sai, a todo momento, mais uma gostosura para encantar os clientes, sempre muito bem tratados. Aliás, eu acho fofo o bordão delas: “Habib, seja super bem-vinda!”... hehe. Como hoje não é quinta-feira e eu não pude pedir o Chauerma, que é o kebab de lá e que, inclusive, me faz lembrar muito a Claudinha Kronka, que também adora o prato, chegou meu sanduíche de kafta com homus. Não matei, fuzilei a fome e a saudade daquela comida. Para terminar com chave de ouro (e para justificar ficar sem comer até amanhã), eu e a mamãe dividimos uma sobremesa criada no Tenda do Nilo e que foi premiada pela Revista Paladar como a melhor sobremesa de São Paulo: a Mil e Uma Noites. Só o preço achei meio alto (R$19,00 cada), mas como são necessárias duas pessoas para conseguir comer, então, vale. É um bolo de semolina coberto com um creme de nata e pistaches com calda de água perfumada de rosas. O nome e o sabor são tão sugestivos que dali mesmo do bairro do Paraíso fomos remetidas a um outro mundo... de desertos, oásis, palácios, Sheiks e princesas contadoras de histórias. Está certo, eu posso não ser uma princesa, mas adoro contar aqui essas minhas histórias... (Dani Krause)


Tenda do Nilo
Rua Coronel Oscar Porto, 638 (bem na esquina com a Rua Abílio Soares)
Só aceitam dinheiro e Visa débito, nenhum cartão de crédito nem cheque.

2 comentários:

  1. OLHA !!!! VAMOS COMPLEMENTAR A SUA OPINIAO !!!!!! PRA MIM A MELHOR COMIDA DO MUNDO !!!! NOS ESTADOS UNIDOS AS COMIDAS ARABE NAO CHEGA NEM PERTO DA COMIDA DA DONA XMUNE !!!! PARABENS !!!!!

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