terça-feira, 31 de março de 2009

VOU DE TÁXI

O trânsito é uma característica de São Paulo. Negativa, é verdade. E hoje não existem mais picos. A qualquer horário, em qualquer dia, faça chuva ou sol, estamos sujeitos a ficar engarrafados, entediados, enervados e todos os ados possíveis. São muitos os fatores que tornam o trânsito caótico: o inchaço da cidade, a falta de transportes públicos adequados (eles até existem mas em quantidade irrisória) e, também, a cultura do brasileiro de pegar carro para tudo. As facilidades dos últimos anos para se comprar um carro foram tão agressivas que todo mundo passou a fazer mil parcelas de alguma coisa para quê? Comprar um carro e, claro, entupir um pouco mais a cidade. Não, não sou contra os automóveis. Apenas não dirijo. Sou uma das poucas pessoas (do meu meio) que 1) usa ainda os ônibus de São Paulo; 2) anda – muito – a pé e 3) usa e abusa do táxi. E da janela do táxi observo a quantidade de pessoas por veículo. E registro aqui: em 90% das vezes, encontro uma pessoa por carro. Isso mesmo. Uma!!! Se cada um pensasse em de vez em quando usar o ônibus, oferecer caronas, pegar caronas, andar ou usar o táxi, quem sabe, o trânsito seria um pouco menos caótico. O táxi é caro? Sim, é caro, especialmente quando comparamos com outros países da América Latina. Mas coloque na ponta do lápis o que você paga com gasolina, seguro de carro, estacionamento, IPVA....e, claro, o estresse de ficar parado e ainda nem poder usar os corredores! Pense bem. Da janela do táxi, São Paulo fica até mais bonita. (Dani Diniz)

UM NOVO VELHO OLHAR SOBRE A CIDADE

Há muitos anos, meu pai, um paulistano mais apaixonado pela cidade do que eu, me levou para fazer um passeio no Centrão. Era domingo e saímos cedo de casa. Metódico como só ele consegue ser na vida, organizou tudo com dias de antecedência, me perguntou umas vinte vezes se tinha feito xixi antes de sair (e eu já tinha 18 anos!... haha) e se eu não estava levando nada de valor. Não, não levei nada de valor, mas trouxe um monte de experiências valiosas de lá. Andar pela cidade silenciosa é estranho e até um pouco assustador, mas, ao mesmo tempo, te traz uma paz de um tipo quase desconhecido. Claro que tudo depende do seu modo de olhar. Você pode enxergar só a sujeira nas ruas, as pichações e a miséria ou reparar na arquitetura funcional de Ramos de Azevedo, no lindo Teatro Municipal, no antigo prédio da Bolsa de Valores, no primeiro prédio com elevador construído no Brasil, no pátio do colégio que deu origem a enormidade que esta cidade é hoje, na história gravada na Rua da Quitanda, na beleza artística do ferro no Viaduto do Chá e em tantas outras milhões de coisas interessantes que te transportam para uma outra época, quase num outro mundo. Eu não conseguia parar de imaginar as mulheres com seus vestidos, os homens elegantes com chapéus e bengalas e os carros antigos passando por mim. Já se passaram 12 anos e eu jamais esqueci aquele passeio gratuito e enriquecedor. Talvez, naquele dia, meu pai tenha me mostrado muito mais do que a história de um lugar, tenha me ensinado a ser mais condescendente e amorosa com a minha cidade. Experimente. Convide seus pais, seus avós (ah, estes devem ser excelentes guias!), seus irmãos e amigos para uma experiência turística na sua própria cidade. E vá de metrô (carro ali no Centro, nem pensar). Na Estação da Sé tem um balcão da Turismetro e todos os sábados e domingos (saídas às 9h e 14h) eles fazem 6 tipos de passeios guiados pela cidade (melhor chegar um tempo antes para se inscrever). Deixe o preconceito de lado, pesquise, organize o grupo e, por favor, faça xixi antes de sair de casa! (Dani Krause)
www.metro.sp.gov.br/cultura/turismetro/turismetro.asp

segunda-feira, 30 de março de 2009

ETERNOS ALMOÇOS DE NEGÓCIOS

Não dá para fugir. São Paulo respira trabalho. Trabalha-se muito, o tempo todo, inclusive durante o almoço. Pela minha profissão, acabo almoçando muito fora. Afinal, pauta boa está na rua (e não no cubículo frio dos prédios pseudointeligentes). Não é diferente para advogados, administradores, empreendedores etc. O resultado disso é simples: vários restaurantes lotados de pessoas que fecham (ou abrem) negócios, fazem reuniões, discutem possíveis projetos e, como eu, caçam pautas. Acontece que nem todo almoço rende – seja porque a pessoa não agrega ou porque a conversa não rende – fica no típico mais do mesmo. Os motivos podem ser vários, só não pode ser porque o restaurante não presta. Se é para trabalhar durante o almoço, que seja num local agradável, que tenha uma boa comida, um bom serviço, um ambiente gostoso. Ou, ao menos, um desses benefícios. Prometo que, aos poucos, vou citando alguns dos bons lugares que encontrei para almoçar, saindo ou não de lá com boas ideias. Deixo já aqui três sugestões diferentes. O Quinta do Museu, que pertence ao Museu da Casa Brasileira, vale pelo ambiente. Parece que você está num quintal de vó, mas daquelas avós que têm casarões no interior, que fique bem claro. Nem parece que o endereço é a Faria Lima. Para um almoço de negócios, vale quando se quer quebrar o gelo ou quando o convidado for alguém menos formal. Afinal, ele fica ao ar livre. Nada de madeiras, granitos e luxo. Se você procura um ambiente mais luxuoso, indicaria o recém-inaugurado Kaá, na JK. Apesar de o serviço ainda estar em, digamos, fase de adaptação (assim como o site), a comida é ótima e a parede de não sei quantas espécies de plantas é simplesmente maravilhosa. Dá vontade de ter uma em casa. Para finalizar, um lugar em que o serviço é ótimo e a comida é muito bem feita é o Aguzzo, em Pinheiros. Conheci durante os sábados de MBA, ali na FIA, e me encantei com os pratos e o atendimento. O local é aconchegante e foge da muvuca das grandes avenidas. Indicado para quem quer comer bem e não se estressar com o trânsito. (Dani Diniz)
www.quintadomuseu.com.br

BEBÊS PAULISTANOS

Ok, eu confesso: estou mesmo com aquele “impulso maternal quase descontrolado” (a chegada aos trinta anos causa essas coisas na maioria das mulheres). Por isso, comecei a reparar, juro que até meio sem perceber, nessas coisas de bebês... berço, preço de fralda, roupinhas. Ah, as roupinhas! Lindas, fofas, enlaçadas e... caras! Socorro! Que pouco pano é esse que custa os olhos da cara? Mas, ainda bem, existe um jeito de ter um bebê ajeitado sem deixar as suas próprias calças na loja. Laura Bierrenbach abriu um espaço diferente no Brooklin: a Bebeleta. Tem umas coisas lindas a preços bastante razoáveis pela qualidade dos produtos. Fiquem tranquilos porque o fato dela ser uma amiga querida e minha madrinha de casamento não influencia o que eu digo a respeito, porque eu não sou nada parcial com essas coisas e confirmo que a loja vale uma visita com toda a certeza. Ela ainda tem um plus bem de acordo com a vida corrida de São Paulo: oferece o envio de kits e malinhas prontas para presentear mulheres que acabaram de ganhar um filhote. Ah, claro, e outro presente legal é o body com o nome do bebê e seu significado. Tudo de um super bom gosto e que vai deixar as mamães de primeira ou várias viagens enlouquecidas. (Dani Krause)
www.bebeleta.com.br

NATUREZA NA VILA OLÍMPIA

Um dos restaurantes Top 10 da minha lista pessoal é, sem dúvida, o Praça São Lourenço na Rua Casa do Ator (segundo o que dizem, São Lourenço seria o santo padroeiro da gastronomia, mas eu não entendo nada de santos mesmo...). Falar desse lugar é "chover no molhado" para quem conhece um pouco mais a cidade, mas não posso deixar de comentar. Descobri o lugar há uns anos tentando impressionar um chefe carioca acostumado só com o bom e o melhor. O ambiente é fantástico, um rústico chique que te deixa à vontade e confortável ao mesmo tempo. É quase inacreditável ter um espaço tão integrado com a natureza no meio da Vila Olímpia. Eles têm pitangueiras, amoreiras, goiabeiras, uma festa verde para os olhos cansados do cinza de São Paulo. Fico sempre pensando que seria um lugar excelente para levar um estrangeiro, por exemplo. Porque além do ambiente ser único, a comida é uma delícia completa. Nunca provei os pratos a la carte da noite, mas o buffet do almoço, com uma cozinha caseira e ao mesmo tempo incrementada, tem um toque diferente porque os pratos são finalizados no forno a lenha. Mas as frutas grelhadas com sorvete são mesmo o gran finale para mim. É um espaço para ser curtido por algumas boas horas, seja para fechar um negócio ou passar um tempo com um amor, amigos e família. Sabe aquele lugar que você não tem a menor vontade de ir embora? Pois é. É assim pra mim. Além disso, aos domingos, tem (ou pelo menos tinha) recreação no espaço externo para as crianças se ocuparem (até eu fico com uma vontade doida de subir na casa da árvore...). E um espaço para eventos, mas dessa parte eu não posso falar, porque nunca testei. Tudo lindo e maravilhoso pra curtir de vez em quando ou num dia bem especial, porque só a conta fica um pouquinho indigesta... (Dani Krause)

domingo, 29 de março de 2009

NOVOS SABORES NA VILA MARIANA

Li sobre uma sorveteria chamada Frutos do Cerrado, que abiu suas portas em São Paulo recentemente, após grande sucesso em Goiânia. Eles vendem sorvetes em sabores bem inusitados para nós paulistanos, como pequi, cagaita e brejaúba (alguém daqui já viu uma cagaita ou uma brejaúba?). Bom, como eu não resisto a lugares nem a sabores novos, convidei meu marido a dar uma passadinha por lá. O lugar é pequeno e bem simples, mas o pessoal coloca uns bancos de madeira na porta e fica parecendo uma reunião de velhos conhecidos que nunca se viram (coisa típica da Vila Mariana). A sorveteria não é exatamente uma boa pedida para pessoas indecisas: eles têm 57 sabores de picolés e mais de 30 de sorvetes de massa! Como alguém pode escolher um? Não vi ninguém ali provando um só sabor. Nós também não resistimos e trouxemos alguns sabores exóticos para casa (eles vendem isopores para o transporte a R$3,00). O fato é que o sorvete é mesmo gostoso, diferente e a um preço justo (R$3,00 o picolé). E tem um valor a mais, porque a utilização dos frutos em escala industrial ajuda a preservar as espécies nativas do cerrado brasileiro. Vale sim conhecer. Além disso, a sorveteria fica na Rua Áurea, 351, colada a um restaurante de comida sulmatogrossense (fiquei curiosa...) e pertinho de um monte de restaurantes e bares legais da Rua Joaquim Távora (que tem todo aquele clima adorável da Vila Mariana e suas casinhas geminadas). Você pode almoçar por ali e depois passar pela dificílima prova de escolher um único e mísero sabor da Frutos do Cerrado ou se empanturrar experimentando vários! Hum, delícia... (Dani Krause)
www.frutosdocerrado.com.br

ECO VILA MADALENA

A Vila Madalena é mesmo um bairro diferente. Simplesmente adoro passear por lá. Curto aquele clima de ser alternativo sem ser totalmente “bicho grilo” (nossa, acho que nem se usa mais essa expressão! Hehe). Um dia desses, saindo do Fórum de Pinheiros (eu sou uma entre os muitos mil advogados de São Paulo), me deu uma vontade quase incontrolável de visitar a Livraria da Vila (se você não conhece, precisa, imperativamente, entrar lá um dia) e, depois, passar na Deli Paris para comer um macaron de pistache e tomar um café. Como estacionar por ali perto da Deli Paris é uma aventura à parte, tive de deixar o carro afastado. Andando pela Rua Harmonia, passei em frente a uma loja toda arborizada, com um espelho de água em volta. Não resisti à minha curiosidade geminiana e entrei. Fiquei simplesmente apaixonada. A Éden é uma loja muito legal que vende roupas casuais lindas de algodão orgânico coloridas com corantes e pigmentos naturais. Toda a decoração da loja foi feita com base em princípios de sustentabilidade e reaproveitamento de materiais. Assim, além de venderem uma roupa bacana e deliciosa de usar, eles ainda têm consciência ecológica! Não é demais? Mesmo que seja uma junção de atitude positiva e jogada de marketing, vale super a iniciativa. Curioso que, poucas semanas depois do meu passeio, a Vejinha São Paulo fez uma matéria sobre as “lojas verdes” da Rua Harmonia. Acho uma maravilha que vários negócios da cidade estejam entrando totalmente nessa onda de diminuir o impacto negativo de suas atividades no ambiente. Tomara que essa moda pegue. (Dani Krause)
www.edenfashion.com.br
www.deliparis.com.br
www.livrariadavila.com.br

sábado, 28 de março de 2009

OÁSIS PARTICULAR

Nem todo mundo pode ter uma casa com um belo jardim (ainda mais em São Paulo). Nem todo mundo pode ter uma casa de campo para se refugiar nem ir à praia ver o mar a toda hora. Então, como diz a minha sogra, o jeito é fazer do limão uma limonada. E foi isso que eu e meu marido fizemos. Escolhemos nosso apartamento muito mais pela varanda do que por qualquer outro motivo mais pragmático. Gostamos de vivenciar o mundo lá fora. Mesmo que “lá fora” esteja a janela do vizinho bisbilhoteiro ou o terreno invadido por uma cachorrada histérica. Afe! Mas o importante é enxergar o céu, ver a chuva caindo, poder observar a lua cheia subindo, ver o movimento da rua pulsando, esses momentos simples que importam. Assim, arregaçamos as mangas e compramos as madeiras, as pedrinhas brancas, umas plantas (que você pode encontrar em qualquer loja dessas Garden alguma coisa que estão espalhadas pela cidade...), herdamos os bancos da minha cunhada e trabalhamos pra caramba (mas nos divertimos muito também) e montamos nosso oásis particular. Essa aí na foto é a nossa varanda, onde tomamos café aos domingos, espalhamos umas velinhas e curtimos um vinho juntos no sábado à noite, espairecemos cuidando das plantinhas, recebemos os amigos para uns petiscos num dia de calor. E não importa se você tem grana pra contratar um bom decorador para fazer isso por você ou se terá de fazer tudo sozinho (improvisando como nós!), legal é dedicar um tempo para criar um cantinho na sua casa para ser muito especial para você (mesmo que seja bem pequeno e nem seja propriamente uma varanda). Onde você possa relaxar e se sentir positivamente parte desta loucura urbanóide. Acredite: vai fazer toda a diferença. (Dani Krause)
www.leroymerlin.com.br

sexta-feira, 27 de março de 2009

O CONVITE

Passar a noite ouvindo músicas da década de 80, cutucando o colega do lado, elucubrando a vida e bebendo Nestea (isso mesmo, Nestea de limão) pode ser um delicioso jeito de passar o sábado. Se você tem um amigo chinês na turma que decide preparar um bifum e um yakissoba, melhor ainda. Melhor ainda (na verdade)....se ele souber fazer o yakissoba. Victor, valeu a intenção..e o bifum estava gostoso. Acompanhada de um Nespresso delicioso e Royal Blend para o marido, ficamos até às 3 da manhã na casa de um casal de amigos. E foi ótimo. De lá..da varanda da Marcia (ops, desculpa Marcia, não podia perder essa) saiu a ideia desse blog. Dani Krause me instigou o desafio..e por que não? Todo mundo fala de todas as coisas..por que não falar de tudo que você, caro colega, pode fazer em São Paulo. Essa é a ideia. Ou o esboço da ideia. Colocar aqui todos os achados desta cidade que tanto tem a oferecer por todos os preços, para todos os bolsos, e também registrar aquilo que não tem preço. Como a Amizade, por exemplo. (Dani Diniz)

O INÍCIO

Viver em São Paulo não é fácil, cidade de pedra, trânsito caótico, trabalho compulsivo, mas pode ser uma delícia se souber onde, como e com quem procurar. Descobri vivendo aqui desde sempre que é possível achar o melhor de todos e de tudo (mesmo sendo grátis, como a Pinoteca aos sábados) ou o mais simples e agradável que se possa imaginar. Ainda mais quando se tem boa companhia (para, por exemplo, revisitar o MASP num domingo à tarde e ver tudo com outros olhos, mesmo sendo a décima vez que você vai até lá) e excelentes amizades para compartilhar algumas descobertas descoladas (como o café com Baileys e torta de pera da Doceira Brigadeiro num sábado chuvoso). Pensando em dividir um olhar diferente sobre São Paulo, surgiu a ideia de juntar alguns achados e experiências para instigar as pessoas a curtirem a cidade (a dois, a muitos ou sozinhas mesmo). Para isso, convidei uma amiga muito especial (e jornalista talentosa, porque eu não sou boba nem nada) para traduzirmos em palavras as impressões que podem ajudar outras pessoas a curtirem o que São Paulo tem de melhor! Abusem e sejam mais felizes todos os dias! (Dani Krause)