terça-feira, 27 de julho de 2010

PEDAÇO DA ARMÊNIA NA ZONA NORTE

Confesso que no começo eu não botei muita fé. Quando a minha mãe me guiou até aquela ladeira cheia de casinhas típicas da Zona Norte de São Paulo, bem no miolo de Santana, dizendo que ali comeríamos numa casa armênia bem tradicional, jurava que ela estava enganada. Não vi nenhuma placa indicativa no local e foi o simpático japonês do estacionamento lá embaixo da rua quem nos disse onde ficava a famosa Casa Garabed. Eu, com esse barrigão de grávida, subi a ladeira no melhor estilo pata desengonçada e ainda desconfiada. O lugar é bem simples e duvido muito que a família tenha feito muitas reformas desde a inauguração pelo fundador Garabed Deyrmendjian em 1951 – o que garante charme extra ao local. As poucas mesas de madeira estavam lotadas na hora do almoço, mas grávida tem suas vantagens e logo conseguiram uma mesa para nós. O serviço não é dos melhores, mas está longe de ser rude. No final sempre fico pensando que isso acaba integrando o clima desses restaurantes de comida de origem árabe. As opções do cardápio eram muitas, desde os tradicionais quibes e esfihas de queijo e carne, passando por esfihas especiais, até pratos que pareciam bem apetitosos, como o Madzunov Kiofté (quibes recheados com carne e snobar, assados no forno à lenha e cozidos na coalhada). Resolvemos começar pelo básico e medir o tamanho da fome depois, já que os pratos especiais têm preços bem salgados. A coalhada seca veio temperada com cebola e salsinha acompanhando um pão mais fofinho que o sírio e com gergelim em cima. O soirlmé (pasta de berinjela) estava no ponto e delicado. Excelente começo. O kibe frito demorou e deixou completamente a desejar, mas as esfihas foram uma descoberta a parte. Todas feitas num tradicional forno à lenha, elas chegam perfumando tudo até a mesa. A de pernil de cordeiro me conquistou. Eu adoro carne de cordeiro, mas o tempero deu um sabor todo especial, assim como os salpiques de snobar (pinholes) que deixaram as esfihas sensacionais. Ok, não são baratinhas (quase R$9,00 cada), mas valem completamente o quanto custam. Aliás, elas valeram até atravessar a cidade no meio de um trânsito infernal. Provei as esfihas de zahtar (ervas aromáticas) e de queijo com bastrmá (um tipo de carne seca armênia), mas achei ambas um pouco fortes para o meu paladar, que, convenhamos, está ligeiramente alterado pela gravidez. Logo, pode ter quem adore. Depois de tantas provas estávamos completamente satisfeitas e os outros pratos do cardápio foram abandonados, sem fazer falta nenhuma. Eles ainda fazem assados como pernil, lombo e peru por encomenda e um deles estava saindo do forno enquanto eu tentava muito me concentrar para pagar a conta. Depois me arrependi de não comer uma sobremesa chamada Creme do Céu, que leva creme de leite, leite condensado e geléia de damasco, mas não conseguia mais. Ah, mas este é só mais um excelente motivo para voltar a Casa Garabed e levar pessoas bem especiais para conhecerem o lugar. (Dani Krause)

www.casagarabed.com.br
Rua José Margarido, 216 – Santana – 2976-2750
Travessa da Rua Alfredo Pujol
Como o espaço é pequeno, eles não fazem reserva.
Segundo a minha mãe, aos sábados o lugar fica completamente lotado, então, é melhor organizar a saída com antecedência.

2 comentários:

  1. Ola,

    Acabei de conhecer o blog, fiquei interessada no titulo e mais feliz pq vou na Casa Garabed desde pequenininha com meu pai... uma pariso de delicias mesmo...


    Ai continuando vi que vc espera um baby! Parabens! Passa la no meu bloguinho...

    meemcontagotas.blogspot.com

    beijos e parabens!

    Sheila

    ResponderExcluir
  2. Oi Sheila,
    Bem legal a Casa Garabed, né? Especialmente porque, depois de tantos anos, é um lugar com memória afetiva para algumas pessoas, como parece ser o seu caso. Estou esperando um bebezinho sim. No próximo mês o Bernardo está por aí. Não consegui acessar seu blog com este endereço. Você poderia confirmar, por favor?
    Beijo,
    Dani Krause

    ResponderExcluir