terça-feira, 31 de março de 2009

UM NOVO VELHO OLHAR SOBRE A CIDADE

Há muitos anos, meu pai, um paulistano mais apaixonado pela cidade do que eu, me levou para fazer um passeio no Centrão. Era domingo e saímos cedo de casa. Metódico como só ele consegue ser na vida, organizou tudo com dias de antecedência, me perguntou umas vinte vezes se tinha feito xixi antes de sair (e eu já tinha 18 anos!... haha) e se eu não estava levando nada de valor. Não, não levei nada de valor, mas trouxe um monte de experiências valiosas de lá. Andar pela cidade silenciosa é estranho e até um pouco assustador, mas, ao mesmo tempo, te traz uma paz de um tipo quase desconhecido. Claro que tudo depende do seu modo de olhar. Você pode enxergar só a sujeira nas ruas, as pichações e a miséria ou reparar na arquitetura funcional de Ramos de Azevedo, no lindo Teatro Municipal, no antigo prédio da Bolsa de Valores, no primeiro prédio com elevador construído no Brasil, no pátio do colégio que deu origem a enormidade que esta cidade é hoje, na história gravada na Rua da Quitanda, na beleza artística do ferro no Viaduto do Chá e em tantas outras milhões de coisas interessantes que te transportam para uma outra época, quase num outro mundo. Eu não conseguia parar de imaginar as mulheres com seus vestidos, os homens elegantes com chapéus e bengalas e os carros antigos passando por mim. Já se passaram 12 anos e eu jamais esqueci aquele passeio gratuito e enriquecedor. Talvez, naquele dia, meu pai tenha me mostrado muito mais do que a história de um lugar, tenha me ensinado a ser mais condescendente e amorosa com a minha cidade. Experimente. Convide seus pais, seus avós (ah, estes devem ser excelentes guias!), seus irmãos e amigos para uma experiência turística na sua própria cidade. E vá de metrô (carro ali no Centro, nem pensar). Na Estação da Sé tem um balcão da Turismetro e todos os sábados e domingos (saídas às 9h e 14h) eles fazem 6 tipos de passeios guiados pela cidade (melhor chegar um tempo antes para se inscrever). Deixe o preconceito de lado, pesquise, organize o grupo e, por favor, faça xixi antes de sair de casa! (Dani Krause)
www.metro.sp.gov.br/cultura/turismetro/turismetro.asp

2 comentários:

  1. Lindo seu texto! me emocionei muito ao lê-lo, porque como voce, também tive a oportunidade ( e foram muitas! ) de sentir o que você sentiu. Fechei os olhos e me transportei para a época em que meu pai levava a mim e meus irmãos ao centro. Quase sempre aos domingos era ao cinema: cine Metro na Av.S,João (chic até...) assistir "Tom e Jerry" e comer pipoca doce vermelha e ficar com as mãos meladas... Outras vezes tomavamos um onibus, qualquer um que fosse para qualquer lugar diferente e
    íamos até o ponto final. Descíamos, passeavamos um pouco, hora do lanche ( que hora tão feliz) e voltavamos para a Casa Verde. Aprendi nomes de
    muitas ruas e conheci muitos bairros. A gente adorava ir almoçar de vez em quando lá no Brás - R.Oriente - onde meus avós paternos moravam. Alegria só! Vovo José nos levava para ver o trem passar... Delícia de
    infância! Agora, chic mesmo, era: tomar lanche na Lanchonete do Mappin, fazer compras na Sears ou Lojas Americanas e voltar feliz da vida de taxi para casa!Isso já era coisa de minha mãe, claro, também muito chic! Ah! meu pai adorava o Parque da Luz. Íamos muito lá e também à Praça da República. Tudo no Centrão... Linda mesmo eu
    achava a Avenida São Luis; me parecia imponente e com ares de Europa... minha cabeça, minhas lembranças, nunca mais... Tudo está lá no mesmo lugar, mas não tem o mesmo gosto de felicidade... Aprendi muito e
    fico brigando com a saudade... bjs (acho que já estou chorando um pouco só!) tchau...

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  2. Esqueci de dizer que vou tentar a dica do Turismetro. Não levarei nada de valor, a não ser a enorme vontade de ser mais amorosa com a minha cidade e reconhecê-la ainda Linda!
    Com certeza farei "pipi" antes de sair, dificil vai ser achar um lugar limpinho para usar depois de toda a água que vou tomar. Mas darei um jeito. No Pátio do Colégio e no Museu do Anchieta vai dar para usar. Fui!

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